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Cronicas-->A incrível gangue que roubava pés de meia PARTE 2 -- 28/05/2005 - 14:09 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O final: quando Dr. Lupo enfia o pé na jaca

Deixamos o Delegado Lupo em pé de guerra no último domingo. Para quem estava passando o fim de semana em Rifaina, ofereço um resumo "the flash" do início deste estranho caso da Gangue que Roubava Pés de Meia: a polícia investigava a ação de uma quadrilha especializada em afanar os pés esquerdos dos pares de meias masculinas; ao mesmo tempo em que o chefe de polícia tentava descobrir o método utilizado pelos assaltantes para diferenciar um pé esquerdo de um direito, um sequestro inesperado acontecia e, por telefone, a Gangue exigia quinze mil para devolver a meia esquerda do Delegado. Retomemos, a partir da última linha da semana passada:
- Se quiser ver sua meia esquerda de novo, atenda o celular hoje, às 19 horas. Nem pense em trocar de meias! Shiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii...
- Alou! Alou! Os infelizes desligaram!
- O que disseram, Dr. Lupo? O senhor está branco!
- A meia ( que ganhei da minha mãezinha)da minha mãezinha... Shiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii...
- Dr. Lupo! Dr. Lupo?! Ih! Capotou...
Está lá o corpo do chefe estendido no chão. Apenas o corpo, pois a mente acaba de entrar num delírio. Em seus sonhos de desmaiado, um mundo formado por varais repletos de pares de meias penduradas com pregadores coloridos. Lupo é criança neste lugar e vê sua querida mãe vestida com parangolés de meias de lã, girando num pé só. Pé esquerdo, claro! A viagem prosseguiria não fosse o toque do celular.
- Dr. Lupo! Dr. Lupo! O celular...
- Mamãe...
- Não...É.. o Mindu, Delegado!
- Mindu? Que que eu tó fazendo no chão?
- O senhor desmaiou, Doutor!
- Eu? Desmaiei? Eu sou lá homem de desmaiar, infeliz? Que horas são?
- Sete da noite.
- São eles! Dá o celular aqui. Alou?!
- Em meia hora. Quinze mil. Compre meia-entrada no Cine Equador. Poltrona 6.
- Eu não vou ceder a...
- Ou nunca mais verá a sua meia esquerda! Shiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii...
Dezenove e trinta. Cine Equador. Esta lá o corpo gordo do Dr. Lupo. Também sua mente inchada de idéias de vingança. Está sozinho. Ele e a automática, de fato. Se a Sra. Lupo estivesse entre os vivos, padeceria aflita, mas orgulhosa da coragem que seu pimpolho demonstra. Tudo para resgatar a meia de fibras sintéticas com as quais a mãe carinhosa presenteou o filho no dia em que ele assumiu o distintivo do 38o DP - Zona Norte. Provocavam um chulé violento, mas eram talismãs nos pés calejados de um homem da lei. Com elas, nunca tinha deixado um caso sem solução. Nem tiro de raspão sentira no couro. Se, com o par, era invencível, no momento, além de ridículo com apenas o pé direito em meias, contava com meia sorte. Ou meio azar?
Meia entrada na mão. Pistola na outra. Jeitão de Dirty Harry, Lupo invade a sala de projeção. Na telona, "Meia- Noite no Jardim do Bem e do Mal." Um som digital ensurdece. Poltrona 312. A caminhada será em direção à primeira fileira. Poltrona 267. A dentadura de Lupo treme na boca. Poltrona 198. Ar condicionado chiando, suor frio goteja na testa. Poltrona 133. Pistola armada, dedo no gatilho. Poltrona 69. A luz do projetor já permite desvendar uma silhueta nefasta logo à frente. Poltrona 14. Um tiro. Está lá o corpo do delegado jogado ao chão entre a segunda e a terceira fila.
- Larguem as armas! É a polícia.
Nenhum movimento. Um grito. Lupo percebe o engano. O tiro, disparado em dolby sorround sound, assim como o berro, foi na película. Constrangido e aliviado, o policial respira fundo e sai do chão para uma corajosa posição frontal ao inimigo, arma pronta para cuspir.
- Mãos pra cima, infeliz. Onde está a minha meia?
Só as vozes de Lupo e de John Cusack ecoam pela sala.
- É o último aviso. Mãos pra cima, ou eu atiro!
Nenhuma resposta. Fiel ao que diz, Lupo dispara dois tiros que atingem o alvo sem desvios, provocando o tradicional ruído de... bexigas perdendo o ar.
- Bexigas vazando?
As luzes do cinema estalam. O projetor pára de rodar. De cada porta de emergência, uma caravana de policiais à paisana e com chapéu de papelão invade a sala. Estão todos armados com bolos, doces e muita cerveja. Na poltrona 6, um boneco João bobo, com a meia de Lupo pendurada no nariz, termina de murchar, morto.
- Parabéns pra você, nesta data querida. Muitas felicidades...
Feliz aniversário, Lupo. Cinquenta e três anos de muita ingenuidade. Quem mais acreditaria numa gangue que rouba pés de meia, além de você e de mim? Ninguém. Tudo armado pelo seu amado assistente, Mindu. Ele quase desistiu da brincadeira quando viu o chefe desmaiado no chão da delegacia. Tudo acabou bem, enfim. Não há quadrilha. Os sumiços de meias, camisetas e cuecas dos Plínios-Patrões são cupla das Marissóis-Diatistas. Elementar, meu caro Lupo! Agora, aproveite seu momento, doutor.
- Chefinho, este é um presente de todo o departamento para o senhor.
- Mindu, seu infeliz! Quase me matou de susto. Não precisava disso, gente...
Embrulho bonitinho. Muita alegria. Um sambinha "se gritar pega ladrão, não fica um mermão" incentiva as policiais a rebolar sobre as poltronas. Lupo não consegue prender uma lágrima que cai sobre o presente da turma do DP: um par de meias sintéticas com lindos bordados; no pé direito, a letra D e no esquerdo... Adivinhe? Prato cheio para a gangue que rouba pés de meia. Mas esse é um caso arquivado. Está lá o corpo do delegado se acabando no pagode para provar.

Jefferson Cassiano, Publicitário e professor de redação, canta: com quem será, com quem será? Com quem será que o Lupo vai casar? Vai depender...


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