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Artigos-->Televisão, 1984 e o Big brother -- 11/04/2001 - 14:27 (K Schwartz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Lendo alguns artigos de José Pedro Antunes, não pude deixar de compartilhar sua preocupação pela qualidade do lixo que nos é apresentado diariamente pela telinha de TV. Concordo plenamente com sua opinião. Basta desligarmos a TV para abstermo-nos do tão baixo nível de cultura veiculado pelas emissoras.



A impotência que a maioria de nós tem em apertar o botão me fez lembrar do livro "1984", de George Orwell, outro que classificaria como biblioteca básica, juntamente com "Admirável mundo novo" comentado no meu artigo anterior.



O livro foi lançado em 1949, quando a guerra fria polarizava o mundo entre o bloco capitalista, comandado pelos EUA e os comunistas, capitaneados pela falecida URSS. Ele aborda o futuro da humanidade numa ótica extremamante pessimista: o planeta encontra-se dividido em três grandes blocos - Oceania, Eurásia e Lestásia, sendo cada um dos três autônomo, isto é, os mesmos não precisam realizar transações de espécie alguma (financeiras, comerciais, políticas) com os outros blocos. Neste mundo, encontramos Winston Smith, morador da futurística Londres de 1984 (lembre-se que o livro é de 1949), uma cidade feia, onde luta-se para sobreviver-se com o mínimo - conseguir lâminas de barbear, só no mercado negro, e usa-se a mesma por meses. Ele é funcionário do Ministério da Verdade, responsável pelas notícias, entretenimento, arte e educação. O Ministério da

Verdade é um dos quatro que administram a Oceania. Existem ainda o Ministério da Paz - responsável pela guerra, o Ministério da Fartura - responsável pela economia e o Ministério do Amor - responsável por manter a lei e a ordem. A ironia é explícita já no nome dos ministérios, pois de fato, eles servem somente para reprimir e manter O PARTIDO no poder - representado no livro na figura de seu líder, o Grande Irmão (Big Brother).



Neste clima tenebroso atuam a Patrulha de polícia, que procura os "desviados do sistema" e a polícia do pensamento, esta sim, temida por todos - existem casos de filhos pequenos denunciando seus pais por terem ouvido uma conversa "subversiva" entre eles.



Os lemas do Partido são:



Guerra é Paz,

Liberdade é Escravidão

Ignorância é Força.



Interessante, não? Duas idéias opostas unidas numa máxima de ordem. Cada uma é explicada no transcorrer do livro, porém, aos curiosos explico a primeira:



Temos que nos lembrar que o livro transcorre num país de sistema totalitário. Desta forma, qualquer situação que leve o cidadão a questionar o partido pode ser extremamente danosoa àqueles que se mantém no poder. GUERRA é PAZ significa que, ao promover a guerra com as outras superpotências (no livro elas esão sempre em guerra), desvia-se a atenção da população para a incerteza que a guerra traz. E se a Oceania perder? Quer futuro teremos nós? Isto evita que o povo encare os problemas socias existentes e elimina questionamentos sobre a eficiência do governo. O interessante é que nenhuma das superpotências ganha uma guerra. P´ra elas a vitória não é interessante, pois acabaria com os receios sobre o futuro. A manutenção da guerra, esta sim, é interesse comum.



Winston trabalha fazendo "correções" em livros e revistas que lhe são passadas pelos superiores através de um tubo. As correções consistem em alterar o conteúdo de qualquer matéria que leve a leitor a pensar que o Partido errou. Assim, se o mesmo fez previsão de fartura de comida e a mesma não se cumpriu, todos os jornais, livro e demais assuntos pertinentes são alterados, de forma a mostrar que o Partido previa uma excassez de alimentos. Com isso, as futuras gerações saberão que podem confiar o seu futuro no Partido sem questioná-lo - uma vez que o mesmo nunca erra.



Existe também um novo idioma que substitui lentamente o inglês - a novilíngua. Trata-se de um esforço do Partido para reduzir o vocabulário falado e escrito de tal forma que, num futuro próximo, nem mesmo uma troca de idéias entre duas pessoas seja possível.



O indivíduo é desprezado. Somente as causas comuns (ou seja, o Partido) interessam. Para monitorar a vida dos cidadãos, instituiu-se o uso da teletela (telescreen). A mesma consiste num aparelho parecido com uma televisão, que está em todos os cômodos e não pode ser desligado. No máximo, seu volume pode ser ligeiramente abaixado. A teletela fica passando propagandas pró-Estado e veiculando mensagens de ordem. Realiza, desta forma, uma lavagem cerebral constante na população. Serve ainda como transmissor - um cidadão nunca sabe se está sendo observado ou não pelo Partido.



O livro é por demais profundo e cheio de significados nas entrelinhas para poder ser completamente dissecado num artigo que se propõe curto. Quero porém ressaltar a inevitável comparação entre a TV e a teletela. No livro, a teletela serve de Olhos do Estado e veículo de propagação do Status Quo. Vejo, hoje em dia, a maioria das pessoas se comportar como se estivesse diante de uma teletela. A TV passa mensagens que te agridem, mas você fica diante dela, impassível, obrigando-se a engolir todo o tipo de lixo exibido. O estado vomita suas meias-verdades e você acredita. Mostram Xuxa, Funk, No limite, banheira do Gugu, Faustão e tantas outras baboseiras e você fica lá, olhando. Quando não está vendo, está ouvindo: seja na cozinha, no banheiro, no quarto. A TV tornou-se essencial às nossas vidas. Não conseguimos imaginar um minuto sequer de silêncio. Sentimo-nos angustiados com a ausência de sons que obrigam-nos a utilizar nosso cérebros para outra coisa que mera esponja de latrina (sim, podemos pensar!). A TV surge como a companheira essencial que corta conversas, anula jantares em familia e torna dispensável o convívio com outros seres humanos. Parece impensável a possibilidade de chegarmos em casa e, antes de tirarmos a roupa, não apertarmos o botão que coloca o mundo ao nosso alcançe (que mundo?).



Porém, nós podemos fazer isso. Que tal chegar em casa e sentar-se na sala, olhar à sua volta, comtemplar o mundo da sua janela? Deixar que os sons entrem em seus ouvidos e dar vazão aos seus pensamentos? Sentar-se numa poltrona e ler um bom livro? Ou acessar a Usina de letras à cata de ideías?



Diferente do livro, podemos desligar a TV. Lembre-se disso.





K Schwartz

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