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Artigos-->Ética e Mídia na sociedade contemporânea -- 27/11/2002 - 08:52 (Nívia Bethânia Marques) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
São vários os pontos importantes a serem expostos à crítica no que diz respeito a função do jornalista, o comportamento da mídia e a ética na profissão, sobretudo se pensarmos de meados do século passado até hoje.



A notícia e a ética deixaram de ser fatores determinantes para os Mídia, prevalecendo portanto os interesses dos homens que estão no leme da economia, das empresas que imperam no mercado das Comunicações. Não se concebe que em detrimento da boa informação reine os equívocos, as confusões e ilusões permissíveis dentro das emissoras de rádio, tv e jornais impressos do país. Como estudante de jornalismo não poderia deixar de iniciar o meu texto citando Habermas em “Princípio Crítico da Publicidade”. Esse princípio diz que a idéia de que as opiniões pessoais de indivíduos privados podem evoluir para uma opinião pública através de um processo de debate crítico racional que seja aberto a todos e livre de qualquer dominação. É claro que no mundo atual não é possível que todos os indivíduos de uma sociedade participem de discussões éticas, como queria Habermas. Porém é importante que mais e mais pessoas se unam com esse objetivo.



Sabemos o quão despolitizado é povo brasileiro, e da gama esmagadora de políticos mandando ou reinando nas concessões das tvs e rádios no Brasil. Se pensarmos no indivíduo pela constituição do nosso país, veremos que ele desde há muito tem o direito de pensar, expressar, livre arbítrio, ou seja, ele tem, assegurado por lei, o direito de ir e vir. Será? Na prática o que vemos é muito diferente, pois os homens que comandam o país; e esses são muito inteligentes, detêm o poder e ditam a regra do jogo das informações, que muitas vezes são manipulados de acordo com seus próprios interesses, tanto econômicos quanto políticos. É certo que um país que não prioriza a educação tem um povo que jamais terá discernimento para discordar, criticar, ou mesmo interpretar qualquer que seja as mil faces tramadas pelos grupos (máfias) que lideram o mercado das comunicações no Brasil e no mundo.



Mas, o que mais me chamou atenção nos meus parcos estudos foi o fato da contradição, do paradoxo em que se meteu o profissional jornalista. Aquele que foi tão reprimido, criticado, tolhido, e muitas vezes incapaz de exercer a profissão, de ter sido acusado de perturbar e impedir o crescimento do país na ditadura militar, quando não morriam cumprindo o seu trabalho, está hoje mostrando a fragilidade dessa profissão tão importante para a sociedade como um todo.



É preciso cultivar e falar de ética todos os dias, em todos os lugares para que se possa enfim praticá-la. Se o jornalista presta um serviço público a sociedade, ele tem por obrigação defender a ética, pois o bom profissional se mede justamente pela credibilidade, e esta só é adquirida se perpassada pela ética profissional.



Estudando mais afundo a deotologia e a teleologia, ou seja as correntes filosofias que orientam o jornalista no que se refere a ética, percebi o quanto é difícil chegar a um denominador comum em relação a esta temática. A primeira; mostra as conseqüências do ato em si, digo ato, me referindo a forma como são veiculadas algumas notícias e os desdobramentos que as mesmas tomam logo após esta veiculação. O profissional traça um parâmetro do que eticamente trará mais benefícios a uma quantidade maior de pessoas. Dessa constatação Lambeth chama de Utilitarismo. Mas não é por conta disso que o jornalista deve se sentir autorizado a realizar todo e qualquer tipo de atitude, muitas vezes ilícitas em prol de uma finalidade. É necessário inegavelmente que se calcule as conseqüências dos atos, lembrando com isso da ética da responsabilidade de Max Weber (1864 – 1920).



A segunda corrente filosófica segundo uma idéia kantiana (Immanuel Kant – 1724 – 1804) é mais simples do que o utilitarismo, que é dizer a verdade não importa as conseqüências que ela trará à sociedade, ou seja, que a ética seja baseada em condutas universais. Devendo portanto, ter validade tanto para o agente quanto para todos os outros seres racionais. Dizer a verdade na filosofia kantiana é de suma importância, pois corresponde a um princípio de universalização. Se não houver mentiras, ótimo. Para o jornalista, dizer a verdade é fundamental. Azar das conseqüências.



Mas como tudo é passível de várias interpretações, surgiu um debate novo acerca desse tema tão questionador que é a ética no jornalismo. Do Institute for Global Ethies surgiu a terceira variante que chamaram de Regra de Ouro. Começaram a discutir os valores humanos, onde o próximo é que conta, e que se deve antes de tudo pensar que não se faz com o outro o que não se quer para si. Mas certamente não deverá ser aplicada de forma a esconder os fatos, e é ai que mora o perigo e coloca essa regra em xeque. O jornalista precisa estar atento para o que mais o deixa isento, ou que lhe deixe o mais próximo da imparcialidade, para novamente lutar pela credibilidade, quando tal fator for para ele imprescindível, porque há aqueles que pouco se importam com o profissionalismo, que não se importam de fazer parte da mediocridade. A ética deve ser praticada diariamente por todas as pessoas no seu dia- a- dia, e mais ainda por aqueles que trabalham nos serviços públicos, e o jornalismo é o que mais preocupa na sociedade contemporânea, pois ele é capaz de informar, confundir e deturpar ao mesmo tempo, então é preciso responsabilidade para exercer tal função.



Quando há liberdade de imprensa faz-se necessário exigir, aprimorar e cultivar a ética jornalística, há um pacto de confiança entre as empresas jornalísticas e o público, fazendo prevalecer nas instituições sólidas a democracia. Não se deve cometer a imprudência de afirmar que poderá existir nas redações, ilhas de ética dentro de instituições cujas práticas regem à luz das operações ilícitas, escusas e sem a possibilidade portanto da democracia. Falar de ética na imprensa tem que fazer sentido! É preciso começar pela ética pessoal e depois partir para a profissional que tudo irá se encaixar.





Quero finalizar o meu texto com um pensamento de Eugênio Bucci sobre ética e imprensa:

“A ética está presente em toda decisão que busque qualidade de informação. Debater abertamente as questões éticas, à luz de episódios reais, é um serviço de utilidade pública: educa o espírito crítico dos cidadãos e ajuda a melhorar a imprensa”.

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