TEATRO NO INTERIOR- 2
Meu pai, que gostava muito de teatro, lembrava com satisfação do seguinte fato, acerca de uma peça teatral que ele assistira em Campina Grande(PB), nos anos 50:
A peça, romântica, era interpretada por uma pequena troup de artistas locais.
Pois bem, em determinada parte tinha uma cena em que o mordomo entrava furtivamente no escritório particular do patrão, abria uma gaveta e de lá retirava alguns documentos que lia e depois queimava utilizando-se de um isqueiro. Ato contínuo, saía o mordomo, entrava o patrão e dizia:
- Hum, que cheiro de papel queimado!
Mas acontece que, um belo dia, pronto para fazer a cena da queima dos papéis, o isqueiro do mordomo não quis acender; o ator ficava tentando, tentando e nada!
A platéia já tinha ameaçado as primeiras risadas e antes que os disfarçados risos se transformassem em sonoras gargalhadas, o mordomo resolveu rasgar os tais papéis.
Feito isso, ao passar pelo colega que fazia o " patrão", murmurou por entre os dentes:
-Olha, eu rasguei os papéis.
O ator que interpretava o " patrão", aquiesceu e ao abrir o escritório, não hesitou: Olhou, entrou, cheirou o ar(como fazia normalmente), fungou alto e disse gritando:
- HUM, que cheiro de papel rasgado!
Meu pai dizia que a risadagem foi tanta que atrasou a peça em mais de meia hora.
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