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Poesias-->O QUE SURTAVA -- 22/02/2009 - 19:01 (Alfredo Burghi ) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O QUE SURTAVA



Olhando assim parecia um homem normal. Sei que isso é mais uma medida de estado mental da psicologia, mas assim parecia. Trabalhava como todo homem trabalhava. Vestia roupas normais. Sapatos normais. Sua aparência para quem não soubesse de mais nada era assim, ordinária.

Para si mesmo acho que se achava normal. Como sabia as regras sociais, o que elas exigiam, se comportava como elas previam. Tudo parecia fácil. A vida ia conforme as regras. Normalíssima.

Mas algo acontecia que ele não comentava com ninguém. Talvez nem a si próprio ele admitisse ser alguma coisa estranha. Achava normal. Achava ser fruto dos amores que tivera na vida. Resíduos de seu passado que se mostrava uma mistura de momentos de felicidades inesquecíveis e de tristezas muito profundas. Os amigos não percebiam seu desvio de estado normal porque nada de anormal acontecia quando estava perto deles. Parecia um normal como todos os normais da cidade e de sua sociedade. Mas não era normal...

Dirigindo seu carro pelas estradas da cidade ou pelos bairros internos dela, de repente, inesperadamente, vinha aquela nuvem de paixão que se fixava sobre sua cabeça e ficava chovendo uma recordação que inundava sua mente com um temporal de lembranças e recordações. O temporal era tanto que o impedia de continuar dirigindo seu carro. Nessas horas ele olhava para si próprio e para suas roupas para ter a certeza que havia vestido as roupas certas antes de sair de casa. Isso o deixaria seguro de poder fazer o que quisesse logo à frente. Diminuía a velocidade do carro e conferia peça por peça. A camisa estava certa, não era uma daquelas do lado esquerdo do armário. Uma daquelas, se de manga curta, quando dava esse temporal, o impedia de movimentar a direção do carro ao seu bel prazer e o forçava a dirigir direto para o aeroporto da cidade. Se a de manga longa, ela o levaria direto para casa e só o deixaria em paz depois que ele ligasse o computador e reservasse uma passagem de avião para a cidade grande onde ela morava. E também não vestia um daqueles sapatos proibidos que o forçaria ir ao Banco para retirar dinheiro para a viagem. Ele não estava com nenhuma dessas peças que se quisesse ou não impunham sua vontade. Com sua cueca não precisava se preocupar. Essas peças eram irrelevantes. Não tinham vontade própria e ele nunca usava meias.

Esse vestir sempre dava muito trabalho. Não era fácil parecer normal.

Aos poucos reconhecia que esse era um temporal de saudades. De muitas saudades. E quando dava essas saudades e ele estivesse corretamente vestido, sem as peças perturbadoras que lhe imporiam suas vontades, ele podia surtar à vontade já que esse acontecimento fazia com que seu dia se acabasse a qualquer hora. E poderia fazer o que quisesse logo à frente.

Parava no bar. Tomava uma cerveja. Fumava. Chorava.



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