Esta senhora
Energia é força. E pouquíssimas pessoas, dentre nós, possuem a energia necessária da vida para promover em si próprios uma transformação radical. Essa força, essa energia, esse impulso, essa paixão, essa intenção profunda por busca de uma vida feliz, alegre, contente, sem precedentes é tranquilamente encontrada nesta senhora, Maria Càndida Vilela, residente da Rua António Telles ( a famosa Rua da Pedra), no número 495. A dica que essa senhora dá para que possamos acumular esta energia, para possuirmos melhor esta energia que inclui aquela tremenda intensidade, paixão, impulso, força se torna necessário ganhar certos hábitos, para estabelecer uma certa forma de conduta, de moralidade, uma certa resistência a uma sensação, que para Maria Càndida Vilela, uma mulher simples, mas nem por isso simplista, um olhar diferente sobre a vida. Um olhar que possa nos ser bem familiar nesse modo de pensar, que vivemos através de tantas gerações, de tantos milhares de anos e que por incrível que pareça não achamos aquela energia que transformará as normas de viver, do nosso pensar e sentir, como esta persona da Rua da Pedra conseguiu se cercar dessa energia como poucos no universo.
Energia
Essa energia que falo não é uma energia por todos conclamado. Desejo entrar na questão porque me parece que necessitamos dessa energia, uma energia de espécie diferente, uma paixão que não seja provocada por estímulo, que não dependa do pensamento, que não seja por ele criada. Para nós encontrarmos esta energia, temos de compreender a inércia; Por inércia entendo falta de energia intrínseca para agir. É isso que falta a humanidade e isso encontramos em uma senhora càndida que nasceu há nove de maio de 1922. Sempre criada na Rua da Pedra, sempre residente nesta rua que é a alma da cidade de Santa Rita do Sapucaí. Maria Vilela é a quarta filha num total de oito irmãos que o casal Francisco Tomás Vilela e Ana Càndida Vilela tiveram. O pai carpinteiro, a mãe dona de casa, como a filha viria a ser. Quando criança ela brincava, ingênua, com Lisota, a filha caçula do juiz Batista que aportou por aqui algum tempo. Com Dona Aparecida, mãe do brilhante artesão Rennê Brandão, que é pai do colunista deste jornal. Amiga de correrias com a primeira esposa do Persona da Rua da Pedra, "seu" Josa, a falecida dona Evica. A Rua da Pedra que cruza os caminhos para quem quer enfrentar a inércia. A energia dessa senhora é inerente a tudo que se propaga por aí.
Alegrias
Maria Vilela casou-se com José Francisco, que não tinha sobrenome, em 20 de maio de 1938. Ela conheceu José Francisco quando trabalhou por um ano na extinta Estamparia. Juntos tiveram sete filhos, uma já falecida. Hoje ela é viúva e nem a morte de sua grande paixão, o marido, e de uma filha, a Maria Bernadette, essa senhora não se deixou entregar e achou a energia a que tanto procuramos para seguir feliz sua viagem por um mar desconhecido tão belo retratado um dia pelo filósofo Krishnamurti. O seus outros filhos são: Ailton, António, Ardeli, Air, Dirce e José Francisco Filho. Sua filosofia de vida é sempre o amor e em um relato para este repórter ela pede a todos "que não esqueçamos o amor!". Sua religião é a espírita. Seu prato preferido é uma bela macarronada com frango. Doce, ela prefere todos. Perguntada sobre o que a acha da cidade onde mora, ela responde: "Boa demais, pena que está muito violenta". Ela admira muito a sua comadre Benedita Vilela. Sua música preferida é Detalhes de Roberto e Erasmo Carlos. A sua maior lembrança é a formatura do filho José Francisco na Escola Técnica de Eletrónica. Sua lição de vida foi a harmoniosa convivência do casamento e para terminar ela conclui: "A Rua da Pedra é o meu mundo, para mim é tudo, aqui eu não canso de dizer que é o meu lugar, que é a minha vida!".
Texto publicado no jornal Minas do Sul em 11 de novembro de 2000.
Escrtito em 10 de novembro de 2000.
