O desejo é sal de cozinha.
De pouco vale tê-lo acumulado
Porque não há, depois, mesmo que sejam dois,
quem possa gastá-lo de uma vez, de um todo.
É de uma pitada dele a cada dia, todos os dias
Que carecem os amores e os amantes.
Sofrem por isso aqueles que, distantes,
Se encontram só de quando em quando
E que mesmo que passem todo tempo se amando
Nessas vezes, nessas tão escassas vezes
Não logram transpor a circunstância
Imposta pelas outras eras de separação e distância.
PUBLICADO EM: "Quatro Nomes" - Ed. Insular, Florianópolis, 2005 e no "site" colaborativo Overmundo, 2007. |