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Textos_Religiosos-->Rússia Cristã completa 50 anos -- 10/10/2007 - 08:05 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
«Rússia Cristã» completa 50 anos

Entrevista com seu fundador, Pe. Romano Scalfi

ROMA, terça-feira, 9 de outubro de 2007

ZENIT.org

Desde quando era jovem seminarista, ele se preparou para descobrir e valorizar os tesouros espirituais da Rússia cristã. O comunismo o impediu durante décadas de pisar a terra russa, mas o Pe. Romano Scalf não se resignou. Construiu uma rede de resistência cristã, e agora celebra 50 anos fecundos de liturgia e beleza iconográfica.

O fundador de «Rússia Cristã» relata à Zenit que, entre 1951 e 1956, estudou em Roma, no Instituto Pontifício Oriental, recebendo uma profunda formação sobre a Rússia e a Europa do Leste.

Sua paixão pela Rússia nasceu quando era seminarista, participando em Trento de uma liturgia bizantina, celebrada por alguns sacerdotes jesuítas do Colégio Russicum de Roma. Nesse momento se enamorou da liturgia oriental.

Narram as crônicas que o príncipe, buscando uma religião, em substituição do paganismo, mandou seus embaixadores a vários países para que examinassem seus cultos. Os enviados foram também aos latinos e muçulmanos. Nenhuma destas religiões os impressionou tão favoravelmente como a celebração na grande catedral bizantina de Santa Sofia de Constantinopla, hoje Istambul.

Ao voltar de Constantinopla, disseram ao príncipe: «Fomos aos gregos e vimos onde celebravam em honra de seu Deus: não sabíamos se nos encontrávamos no céu ou na terra, e ainda não podemos esquecer aquela beleza... Só sabemos isso: lá, Deus convive com o homem».

O fundador da «Rússia Cristã» recorda que «a Beleza, segundo os Padres da Igreja, não é só estética, mas o Belo é uma qualidade de Deus, e é preciso entender assim a frase de Dostoievski: «A Beleza salvará o mundo».

Enquanto se preparava para ser missionário na Rússia, em 1957, Pe. Scalfi foi a Milão, onde abriu o centro de estudos «Rússia Cristã».

«Eu sonhava em ir para a Rússia e em Milão me sentia parado em espera da missão – diz à Zenit. Mas «em espera de que se abrissem as portas, a Rússia considerou oportuno declarar-me pessoa ‘non grata’».

«Assim, durante dezenove anos, foi-me impossível pisar em solo russo. Eu me perguntava: ‘Por que o Senhor me pôs no coração o desejo de ir para a Rússia e depois me faz estas brincadeiras’?»

«O Senhor gosta de brincar com nossos planos e, sobretudo, gosta de trocar as cartas na mesa, mas, se somos fiéis ao núcleo da vocação, o Senhor realiza nossos planos de modo infinitamente maior do que podíamos imaginar», acrescenta.

Apesar da duríssima repressão comunista, o Pe. Scalfi continuou acreditanto que na Rússia havia focos de fé, e o confirmou quando chegou ao Ocidente o Samizdat, evento que o fundador de «Rússia Cristã» assinala como «um dos maiores milagres do século XX».

Samizdat é uma palavra russa que significa «auto-editado». Quer dizer que, após décadas e décadas nos quais toda a cultura, as editoras, os meios de comunicação estavam nas mãos do Estado, as pessoas que queriam comunicar algo importante começaram a confiar suas mensagens, textos, poesias, cartas e novelas a canais alternativos.

Como faziam? Liam, por exemplo, na imprensa de propaganda atéia alguma citação bíblica ou do Evangelho, escrita para refutá-la. As pessoas recortavam, colavam, copiavam com papel carbono porque as fotocópias não existiam e de qualquer forma estariam proibidas.

Depois enviavam textos ao Ocidente, quase ilegíveis porque já se tratava da sexta ou sétima cópia. Ou copiavam cartas, testemunhos, relatos. Deste modo, chegaram inéditos ao Ocidente.

«Nós os traduzíamos e publicávamos em nossa revista ‘Rússia Cristã’, relata o Pe. Scalfi, e a imprensa de esquerda nos acusou de ter inventado o Samizdat, de ter escrito estes relatos, para poder publicá-los graças a esta desculpa. Oxalá tivéssemos sabido escrever como Solyenitsin», brinca o sacerdote.

«Pelo Samizdat se podia acabar em um campo de concentração. As pessoas eram presas normalmente nestes campos se as encontravam em posse destes textos, ou surpreendidas enquanto os estavam lendo, difundindo ou copiando», narra.

«Estes textos eram tão importantes para as pessoas que, apesar de que corriam o risco de ir para a prisão ou para campos de concentração, elas os difundiam, e difundindo-os, pouco a pouco chegaram também ao Ocidente. Entre os destinatários, estava também eu», recorda.

E assim, no final dos anos 50, quando em todo Ocidente se pensava que na União Soviética o cristianismo já era somente uma relíquia do passado, o Pe. Romano Scalfi teve a intuição de que na Rússia a fé cristã não só existia ainda, mas era um princípio cultural e espiritual fundamental que era preciso despertar.

«Por isso – acrescenta o Pe. Scalfi –, alguns amigos e eu fomos à União Soviética em 1960 com dois carros e conseguimos ‘perder-nos’ dos guias russos para visitar as aldeias e falar com as pessoas do povoado.»

«Nos anos seguintes, fui várias vezes à União Soviética até que me deteve alguém que me disse que não era ‘persona grata’ e assim me tiraram o visto até a queda do muro de Berlim – recorda. De qualquer forma, não me dei por vencido e, sem romper as relações de amizade, comecei a entrevistar estudantes de russo ou pessoas que iam para lá a trabalho.»

Desde 1960, o Pe. Scalfi começou a publicar a revista «Rússia Cristã» que, entre mil dificuldades, começou a dar voz aos crentes perseguidos na URSS e à defesa dos direitos religiosos e humanos. Nos anos 80, a revista mudou de nome; agora se chama «A Nova Europa» e, desde 1991, é publicada também em língua russa em Moscou.

O fim é dar a conhecer no Ocidente as riquezas da tradição espiritual, cultural e litúrgica da Ortodoxia russa, favorecer o diálogo ecumênico sobre a base do contato vivo entre diversas experiências da Igreja e contribuir para a reevangelização da Rússia.

O Pe. Scalfi revelou que, em 1993, para prosseguir e ampliar as relações de amizade e colaboração nascidas na Rússia em 40 anos de trabalho, «criamos em Moscou o Centro Cultural ‘Biblioteca do Espírito’, que em colaboração com a Igreja Católica local e algumas importantes instituições da Igreja Ortodoxa Russa, realiza um trabalho cultural, editorial e de distribuição de livros».

Em maio de 2003, por ocasião da década da «Biblioteca do Espírito», um grupo de colaboradores participou de uma audiência com João Paulo II, e naquela ocasião lhe doamos o exemplar do livro distribuído pelo Centro.

Outra jóia do trabalho da Rússia Cristã é a Escola Iconográfica de Seriate (www.russiacristiana.org/iconografia.htm), a primeira surgida na Itália. Em torno da Escola se reúne uma Fraternidade de iconógrafos, empenhados no estudo e na obra de «reviver» a tradição do ícone no Ocidente.

O Pe. Scalfi conclui recordando que «o iconógrafo é um artista que põe à disposição seus talentos para que a oração de toda a comunidade seja sustentada pela luz divina do ícone, e por isso ele precisa de uma séria formação espiritual e técnica».
A «Escola de Seriate» organiza há anos várias mostras de ícones em toda a Itália e realizou com grande êxito uma exposição de oitenta ícones, dedicados aos mistérios do Rosário e à Madre de Deus, atualmente exposta em Veneza (http://www.exibart.com/profilo/eventiV2.asp/idelemento/45453).


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