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Cartas-->Relatividade, imortalidade e catarse -- 15/10/2003 - 11:00 (ARTUR MARCIANO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu divirjo da Alice, modestamente. Penso que a criança tem uma característica fundamental que a separa do adulto (maduro) que é o ludismo. A criança respira e transpira fantasias, jogos e brincadeiras, em sendo assim, como não pode relativizar? Ora, não relativiza, é certo, de maneira racional, tal como os adultos (maturidade), mas o faz de maneira afetiva. P. Ex: um menino brinca com as borrachas da sandália havaiana, imaginando uma luta entre dois guerreiros. Ele relativizou a realidade, não foi mesmo? Então, se eu digo ao meu filho vou te matar , ele, afetivamente, sabe distinguir (relativizar) se estou brincando ou estou falando sério. Caso eu demonstre fúria ao pronunciar estas palavras pavorosas, afetivamente, ele vai saber que o bicho vai pegar, nego véi. Agora, se digo brincando vou te matar , até mesmo fingindo fúria, ele sabe que eu tô de onda. CLARO, isto depende da idade e, conseqüêntemente, da fase da infância pela qual a criança passa - isto em termos da teoria do desenvolvimento de Piaget.

Bem, o rabino me fez lembrar de minhas aulas de Cristalografia, quando cursava Química, na UnB. Pegávamos o cristal (na verdade, um modelo de cristal, feito de madeira maciça), colocávamos o dito cujo sobre a mesa e traçávamos os seus eixos, cortávamos os planos, fazíamos secções, examinávamos as dimensões de seus lados etc., ou seja, fazíamos toda uma dissecação do cristal, a distância.

O rabino fez o mesmo com a vida, claro, se utilizando de suas próprias técnicas. Eu sei que pareço chato, arrogante, metido, afetado, esnobe etc., mas estas pessoas que falam da vida a distância têm me incomodado bastante, neste momento de minha vida. Quero alguém apaixonado, falando de suas paixões, da vida intensa e inebriante que leva; quero alguém que esteja vivendo intensamente a sua vida e estja ali para compartilhar dessa maravilha comigo. Foi por isto que fiquei maravilhado com a apresentação daquele rapaz estadunidense, que era treinador da equipe brasileira de para-atletas - foi o primeiro ou um dos primeiros a começar o ciclo de palestras. Impressionante como o indivíduo exalava a paixão que tinha pelo seu trabalho (difícil, é bem certo) com pessoas portadoras de necessidades especiais (e mais especiais, porque eram aquelas que haviam, de certa forma, perdido parte de sua vida, não é mesmo? perder um membro do corpo ou a mobilidade dele é uma perda de parte da vida, certo?). Quero um encantador, um bruxo, um xamã que me envolva em seus feitiços, me seduza, que me faça dançar e cantar Evoés em seu cortejo - o Cortejo de Dioníso - tal qual um sátiro, comendo carne crua e bebendo o delicioso vinho (cristão?), copulando alegremente com as loucas bacantes, cobertas de perfume e folhas de parreira - DITIRAMBOS DIONÍSO, diria Nietzsche!

Gosto do Ezio por identificar nele estas características, apesar de seu modo rabugento de se expressar; gosto do Rubem Alves, também pelo mesmo motivo.

Chega de catarse, né?!

Olha, sobre a questão da imortalidade, é claro que devemos atentar ao fato do palestrante ter uma formação judaica, o que pode ser um divisor de águas entre nossas concepções. Entretanto, percebi de outra maneira (após chegar em casa e pensar um pouco, porque você havia comentado sobre a sua dúvida etc.). A meu ver, a questão da imortalidade surgiu em decorrência do SENSO DE LIMITE, ou seja, o desejo de imortalidade decorre da falta deste senso, a qual deixa cego o indivíduo diante do próprio sentido da vida. Não estou querendo dizer que o sentido da vida é a morte, muito longe disto, o que entendi é que o rabino propunha que nós compreendamos a vida e isto implica em entender que ela tem um fim - não necessariamente vamos ficar descansando na tumba, sair para outra vida, outra dimensão ou esperar o Dia do Juízo - coisas das várias tendências, por assim dizer, do cristianismo -; apenas, de maneira racional(afinal de contas ele é um rabino e os judeus costumam ser muito pouco, digamos, emotivos [veja como Deus no Antigo Testamento é uma figura racional, tipassim pá-pum , escreveu, não leu... , ao contrário do Deus parabólico do Novo]), ou seja, biologicamente, a vida chega a termo.

-----Mensagem original-----
De: J
Para: Artur
Enviada em: 30/09/03 21:38
Assunto: RE: Re:Relatividade, imortalidade e catarse

Falei sobre isso na terapia, hoje. A Alice disse que criança não
relativiza, ainda. Pra elas, tudo é absoluto. Se vc diz: vou te matar,
ela acredita exatamente nisso.
O fato de as coisas passarem rápido não quer dizer que não tenham sido
intensas, enqto existiram.
E o rabino? Queria tanto entender os conceitos de vida e de
imortalidade, na ótica dele. As pessoas com quem conversei fizeram, a
meu ver, uma leitura cristã: acharam que ele estava se referindo aos
apegos, à coisa material, blablabla. E não era: ele acha que a vida é
esta (até 120 anos, segundo ele falou), aí morre e vem o descanso
eterno. Ele disse sob nenhum aspecto faz sentido essa coisa de
imortalidade . Eu não tenho certeza se entendi direito o ponto de vista
dele. TAlvez por ser cristã. Fiquei curiosa...


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