Não, não, não... Aqui não se deve olhar, porque as vemos por toda, toda parte...
Aqui não se pode brincar...
Aqui é o enfrentamento direto, a exposição, o arregaçamento.
A torpeza está aqui, está aqui exposta, arreganhada, aberta, clara, exata, nua, solene, imperiosa...
Aqui elas nos observam e nos julgam, nos reconhecem e, o que é pior, nos apontam o dedo – É ele!... não é Ele?... Acho que o conheço... não é o ... ou o...
Elas assim dizem ao nos verem passar.... acho que temos um estigma revelador que nos faz sermos o que somos, próprio ao julgamento delas.
Da medida de suas réguas escondidas e conquistadas a duras penas, ficamos sob a mira de suas revelações.
As malditas senhoras sentadas às calçadas do bairro observam, observam, observam e definem quem é quem; quem que é fulano, como é ser beltrano, como é que ficou fulano, como a promessa não se revelou, como não é mais o que se pensava que fosse, era tão bonito, tão altivo... veja só no que deu... ficou isso que vemos, sozinho, ninguém o agüentou, ninguém o quis para o resto da vida... dizem que a mulher batia nele, o colocava para fora de casa e ele ia...
Não, não, não, não... Aqui não se olha nada, nunca...
De dia, de noite, de tarde ou em dia de chuva...
Elas espreitam sempre, elas se revezam automaticamente para observar sempre, sempre, sempre...
Não, não, não, não... Aqui só se olha se for para ser o último olhar...
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