NOVENÁRIO DOS DELMIROS
I
Hoje, 20 de dezembro,
Perto do aniversário
De Jesus – o grande Rei
Que se fez humanitário;
É, pra nós, última noite
Deste nosso novenário.
II
Aliás, um novenário
Que já é tradicional
Na família dos Delmiros
Residentes em Natal,
E dos que estão distantes,
De uma forma virtual.
III
Se já é tradicional
É por causa de alguém
Que não mede seus esforços
Nem tampouco os de ninguém
Para ouvir, no novenário,
Muitas vozes num AMÉM.
IV
Umas dicas desse alguém
Nesses versos, vamos dar;
Mas, quem logo descobrir,
Guarde em si, a segredar,
Que, depois de alguns versos,
Ele vai se revelar.
V
Fazer quorum pra rezar
A novena é uma barra!
Mas por sua insistência
E com toda sua garra
Conseguiu sempre um quorum,
Livremente ou na marra.
VI
Testemunhas dessa garra
Somos nós – a irmandade.
Temos sido seguidores
Dessa sua qualidade.
Foi assim que aprendemos
A ter força de vontade.
VII
Não revelo sua idade,
Pois estraga nossos planos;
Mas se nossa irmandade
Já somou QUINHENTOS ANOS,
Sua idade só perdeu
Pra um de seus onze manos.
VIII
Ou ainda: nesses anos,
Comandou nossa união;
Ajudou-nos a andar
Segurando nossa mão;
Dentre os filhos de Delmira,
Viu nascer cada irmão.
IX
Dessa nossa reunião
Ela é autoridade:
Organiza e escolhe
Data e localidade,
Para que o novenário
Tenha continuidade.
X
Mas, também, tem humildade
Ao fazer-se penitente,
Carregando um crucifixo
Que não pode estar ausente,
Pois é um dos belos símbolos
Que mamãe deixou pra gente.
XI
Fique atenta, minha gente,
Pra mudança que se acena:
A partir do próximo ano,
Não teremos mais novena,
Pois serão três casas mais.
Sendo assim será DOZENA.
XII
Mas, quem sabe, a DOZENA
Já será modernizada,
Com a reza virtual,
Sem sairmos da morada.
É que sua promotora
Está informatizada.
XIII
Como hoje é rezada,
Uma coisa faz pensar:
Por que nosso novenário
Deve sempre começar
Justamente nos horários
Que as novelas vão pro ar?
V
É que nosso viciar
Por novela na telinha
Ou, então, ao pé do rádio
Meio dia ou à noitinha,
Vem do tempo em que a gente
A chamava de “Madinha”.
XV
Dum irmão, é a madrinha,
Mas, pros outros, virou marca.
“Somos a jurisdição,
Ela é nossa comarca”.
E, de nossa irmandade,
A fizemos matriarca.
XVI
Você lembra, matriarca,
Desse som: “Bença, Madinha”;
Era nosso cumprimento,
De manhã ou à noitinha,
Sem saber de quem você
Realmente era madrinha.
XVII
Não chamamos mais “madinha”,
Mas a vemos como tal.
É que nós fomos crescendo
E achamos natural
Começar a lhe chamar
Pelo nome batismal.
XVIII
E seu nome batismal
Não podia ser Ofélia.
Nossos pais até podiam
Dar-lhe o nome de Amélia,
Mas fizeram muito bem
Registrá-la como ZÉLIA.
XIX
Pra você, “madinha” Zélia,
Vai a nossa homenagem,
Por você ter nos passado,
Com exemplos, a imagem
De: quem quer vencer na vida
Tem que ter fé e coragem.
XX
Ao render esta homenagem,
Também nos comprometemos:
– A partir do próximo ano,
Todo esforço nós faremos
Para irmos às DOZENAS,
Nas quais, juntos, rezaremos.
XXI
Aqui, pouco, nós dissemos,
Pois você merece mais.
Essa é a nossa voz,
E a voz de nossos pais
Que, com nossos três irmãos,
Lá, no céu, vivem em paz.
- fim -
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