A bem da verdade,eu não posso assegurar a ninguém que tudo tenha sido verdade. Foi muito sinistra essa passagem no Internato Costa Maia. Ele ficava na atual Rua João Montillo,120, que era uma transversal da Avenida Nilo Peçanha, no Parque Lafaiete,
e bem pertinho da secular Igreja de Santa Terezinha.
Eu não me lembro quantos de meus irmãos estudaram no Internato, mas via sempre o mais velho jogando as asas para cima de uma professorinha loura e bem bonitinha que dava aula de Português. Eu ficava chateado por minhas asas serem muito pequenas para tal empreitada, senão eu também jogava. Ela era tão linda que a concentração nas aulas ficava prejudicada. Uma das coisas sinistras do Internato era um quarto que havia nos fundos e que sempre estava fechado, escuro, e era moradia de um esqueleto que ficava pendurado quase no centro, próximo de uma poltrona velha. Quando eu soube que era para deixar de castigo os alunos bagunceiros, arranjei logo dei um jeito de ser mandado para lá.
Minha decepção foi grande ao descobrir que era uma caveira muito da mixuruca.Seus muitos ossos eram todos presos com arames. Tinha mais arame que ossos naquele esqueleto. No sofá,velho e rasgado,as molas que apareciam davam mais medo que a escuridão e a figura esquelética. Era uma escola muito engraçada. Havia um colega que,na hora do recreio, ficava o tempo todo pulando de costa e caindo de frente, assim como os malabaristas de circo.
Uma certa ocasião, um dos colegas que tinha um pai carpinteiro, resolveu presentear a Diretora com uma palmatória de madeira. Era uma palmatória para castigar os alunos bagunceiros. Logo ele que era um dos cabeças da turma da bagunça. Ninguém entendeu como o idiota foi fazer uma coisa de tamanha estupidez. Ainda bem que o energúmeno inaugurou o
artefato de madeira logo no primeiro dia.
Na saída das aulas quase que ele foi espancado, tal a revolta de todos nós. Com o tempo e com o costume das dúzias de bolos recebidos, a maldita perdeu o sentido e foi aposentada.
Era muito engraçado o Costa Maia - o Internato, é claro!
