No tempo em que não havia vídeo game,
a garotada precisava de muita criatividade para
a interatividade lúdica de sua época. Tempos de muitas felicidades. Meses atrás, passou uma reportagem na televisão na qual o apresentadora mostrava a condição de uma criança no Nordeste, brincando com pequenos ossos de boi como se fossem, em sua imaginação, bonecos.
Só faltou lamentar a inexistência de pilhas naqueles sertões.Ele até parecia que já nascera grande. Criança não brinca de ser feliz... Criança é feliz. Só precisa não ser violentada, de forma nenhuma, e ponto final. Eram muitas as nossas brincadeiras. Dentre elas, as que me trazem belas lembranças são os pequenos aros de
ferro em que com um cabo de madeira e um
arame formando um gancho na ponta, a gente
botava para rodar; os arcos eram feitos de
pneus velhos e a gente rodava, usando um pequeno pedaço de pau como impulso e orientação; latas,que depois de cheias de barro eram trespassadas com arame e a criançada puxava. Tinham até uns carrinhos com dez latas.
Uma brincadeira - pular carniça- era pura dinàmica de grupo. Consistia em pu-
lar por cima dos parceiros. Vez por outra,
alguém levava na cabeça,uma pezada. Mas era bem
legal e muito interativa esta brincadeira.
Uma das brincadeiras clássicas que até hoje ainda se brinca, embora com menos intensidade pela falta de chão de terra, é a bola de gude. Todos os meninos da Aldeia tinham
nos bolsos de seus calções as famosas bolinhas de vidro e um pente flamengo na cintura. Era na ida, era na volta e até mesmo, durante o recreio na escola que se jogava. Era na bola ou na búlica que os sonhos infantis navegavam. Outra brincadeira, que hoje em dia -
devido ao crescimento da Aldeia,com sua florestas de postes e fiação, assim como os mais diversos tipos de antenas -, tornou-se bastante perigosa, sem contar com o vidro moído, usados
nas linhas, era soltar pipa. Havia muitos
tipos de pipas.Eram os piões,as cafifas, as arraias,e até na geometria dos desenhos e das colagens do papéis finos bem coloridos, eram denunciados os artistas que as faziam.
Havia um modelo com desenhos em losàngulos que fazia muito sucesso e era lá da barreira. Essa dita "barreira",ficava ali nas vizinhanças da Escola de Samba Cartolinhas de
de Caxias e tinha até um time de futebol com esse nome.
De muito bom acabamento também eram as que se faziam lá para os lados do Colégio Regional de Meriti.
A ilustração utilizada em uma camiseta, por ocasião do aniversário do Barboza Leite em 2001,é uma obra-prima em bico de pena e uma ode à s pipas e à s crianças das aldeias pelo mundão afora.
Mais adiante, em outras Cronicas, voltarei ao tema das brincadeiras, pois muitas foram e ainda são, apesar de tudo, alguns, dos passatempos das crianças.
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