Eu vou lhe dar um beijo,
Regado de desejos e de compulsões,
Molhado como um rio que deságua
No oceano das línguas perdidas,
Que desesperadamente procuram se tocar...
Um beijo denso e suave,
Capaz de lhe tirar de chão,
E oferecer-te as estrelas
De um céu rajado por sentimentos sem sentido,
Que alucinógeno algum conseguiu encontrar...
Um beijo perdido nos olhos fechados,
Achado nos corações abertos,
Talhado por erros e acertos,
Que nunca se termina no próprio beijo em si,
Mas apenas se inicia no distanciar...
E assim, somente assim, verás meu vulto
Em todos os lugares que eu não vou estar,
Palavras indecentes sussurrarão no silêncio da sua inconsciência,
Sentirás a sede imortal da saudade insaciável,
E nos luares nostálgicos irás lamuriar...
Mas para que não te penitencies por nosso desalinho,
Capricho do cruel destino que insistiu em nos separar,
Retornarei na brisa fria e mística das noites vazias,
E no arrepio da pele sensitiva de carinho,
Novamente, suavemente, eu vou te beijar.
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