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cronicas-->O PASTOR E O EX-SAMBISTA -- 27/01/2001 - 11:08 (Maurício Santanna) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Rio tem histórias que até Deus duvida...esta com certeza é uma delas, aconteceu em Botafogo, no morro Santa Marta. Sinval era um menino pobre, acostumado a ver do alto as maravilhas do Rio, mas também acostumado a não participar desse lado nobre carioca.
Com o tempo ele cresceu e passou a se ocupar de duas atividades, era regente de uma escola de samba, ajudando na bateria, e durante a noite praticava pequenos furtos, hábito adquirido desde a infància.
O pai, um bêbado de carteirinha, saiu um dia de casa e não voltou mais. A mãe, com mais cinco crianças em casa, não tinha como tomar conta de todos e ficava alheia a tudo o que Sinval fazia...não perguntava de onde vinha o dinheiro, o importante é que ele viesse.
O rapaz já contava 19 anos, quando em uma véspera de carnaval, época mais esperada por todos no morro, caiu-lhe um dia que não era de sorte, e foi preso ao tentar tirar alguns trocados de um gringo no Aterro do Flamengo.
Por causa do flagrante ato, passou quatro longos anos na cadeia, quatro carnavais afastado do samba que tanto amava, convivendo com pessoas bem mais perigosas que ele. Sinval se valeu de sua fé em Deus para se manter vivo.
Em um belo dia, também véspera de carnaval, apareceu frente às grades, um homem de palitó surrado pelo tempo e gravata destoante, que olhou para ele e sorriu. Era seu Armando, da mesma comunidade do Santa Marta, um ex-trambiqueiro que já havia se hospedado naquele recinto pelo famoso artigo 171, mas que tinha mudado de vida e virado um respeitado Pastor.
Era o último ano e o mais difícil de Sinval na cadeia...ele recebeu as palavras do velho Pastor como um alento, uma esperança. Era o único de todos na cadeia que escutava os ensinamentos levados por Armando, que o visitava cada vez mais frequêntemente.
Veio então a liberdade, só havia uma pessoa esperando por ele do lado de fora, ele mesmo, o Pastor Armando. Sinval entrou para a Igreja, mudou de vida, arranjou trabalho e com o passar dos anos se tornou Pastor, sucedendo o próprio Armando no comando da Igreja.
Nada mais lhe lembrava a vida de roubos e sambas da infància e juventude, cuidava de sua mãe com carinho e era respeitado pelos fiéis da pequena igreja, que tinha agora Sinval como regente.
Quase nada lembrava, até que um dia, em um dos seus sermões na Igreja, ele usou um pequeno trecho de uma música dos seus tempos de sambista, e falou: filhos que estão cheios de pecado, é hora de se libertar, "vai" filhos, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima.
O passado não nos deixa assim tão impunemente.

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