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Contos-->A Mente Selvagem -- 30/03/2001 - 10:44 (Bruno Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
00:20hs e a inquietação não ia embora. Só a criatividade havia se retirado. As músicas não fluíam mais de sua mente, e o compositor sentia uma enorme vontade de ter alguma vontade. Foi ao banheiro e tentou vomitar; dedo na garganta. E nada. O mais difícil, botar algo pra fora.
Foi então que ele resolveu se deitar, fechou os olhos e se concentrou no silêncio da casa. E como sempre, ela veio à sua cabeça. Algo subitamente mudou, o ar mudou, seu corpo estremeceu, a pele arrepiou. Uma suave melodia, um triste adágio, soprou em seus ouvidos. Uma lágrima rolou até seus lábios, e o gosto salgado lhe deu energia; ele podia sentir as veias de sua cabeça pulsarem, como prestes a arrebentar de delírio. A música passou completa, e ele jamais esqueceria um só acorde. Então se levantou, foi para escrivaninha e começou as seguintes frases:
"Amor de toda a minha vida. Poderia perder toda essa noite, todo um mês, quem sabe um ano, perderia a vida, a descrever o quão és bela. Poderia perder todo esse tempo só em descrever teus lábios, pois eles não deixaram os meus até hoje. O teu cheiro não sai da minha pele, da minha alma. O teu rosto é belo demais pra ser ignorado pelos meus pobres olhos, mesmo na escuridão. A tua voz é séria, é doce e vibra com o meu coração, de forma que é o único fantasma que tenho escutado ultimamente. A tua pele brinca com os meus arrepios. Eu te acariciaria por toda uma eternidade, e jamais esgotaria a minha satisfação com isso. O teu corpo desafia o meu desejo, me faz tremer e me intimida. É a minha única fonte e inspiração de prazer, inesgotável. Seus cabelos se gabam de me ver sofrer, de não poder tocá-los quando eles me acordam de noite, no meio de um sonho. Você é a coisa mais importante da minha vida, no meu mundo só existe você. Mas o meu mundo não existe, é um sonho que sempre acaba em soluços e falta de ar... Você não precisa de mim. Há alguém mais importante pra você... E isso já me fez e me faz chorar copiosamente, como uma criança. É como medo, um frio na barriga."
O compositor, soluçando, corre ao banheiro e toma alguns tranqüilizantes. Senta no chão e enxuga as lágrimas. Mas as drogas não mais funcionam. A sua mente selvagem não pode mais ser domesticada. Ele decide acabar o que começou, e volta ao seu quarto para continuar a escrever:
"Mesmo que eu não faça parte da sua vida, eu te amo do fundo do meu coração. Você é talentosa... é inteligente, me encanta e me faz te ouvir, incansavelmente. Você é segura de si... você atrai a atenção de todos. Como você é talentosa!... Não existe papel no mundo para registrar todos os elogios que eu poderia te fazer. O meu sofrimento é justo, pois é por você. Eu acompanharia o desenrolar de sua idéias indefinidamente, pois tu és espirituosa. Você é o que de mais importa pra mim, e é o que mais vale a pena nessa existência."
Terminada a sua carta, que jamais seria entregue a alguém, o compositor estava mais tranqüilo. A atividade de elogiar sua amada o deixava de bem com as pessoas, com o mundo, com o universo, com Deus. Agora ele podia dormir, e no dia seguinte iria escrever uma das mais belas peças musicais do nosso mundo.


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