[Pouco a pouco, vou recolhendo subsídios para o meu TEATRO DA MINUTA. Só pérolas. Aos poucos.]
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für MAURO BARTHOLOMEU, SARDEMBERG GUABYROBA und AULOW RANDAP
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1
O que ler? A digitação no quadro é uma pista. O tom: pompa e circunstância. O que escrever? Compulsivos vivem de efemérides ("então é Natal"!) ou de premonição (bem feito, são plagiados pela grande imprensa!).
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2
Sempre haverá algum incauto, é claro, mui prezado, para levar a sério esse nosso hilaríssimo "teatro da minuta", com suas promessas de um futuro risonho e franco para o usina . Até quando?
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3
Os shows, aqui, são repetitivos, com seu elenco reduzido de astros e estrelas. Como espectador atento, tento atentar os atores, para que se sustentem e superem. Juntos, temos produzido números, as mais das vezes, impagáveis.
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4
Rodrigão, mermão, ao descer o malho neste seu pirralho, teve um ato falho, se esqueceu do "não". Olhaí, não disputo o meu espaço em cordel por pura modéstia! Sou fera ferina! [Cf. "Onde estão os sabiás?"]
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5
Quedei-me en-mim-mesmado e meditabundo com esta pérola da autocomplacência: "o Usina de Letras, apesar de ser um dos melhores do gênero, é bom que se diga". Obnubilou-se-me o discernimento, tá ligado? Tô de cara. Juro.
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6
Já antes de acessar o artigo, o joio salta aos olhos de em meio ao trigo: "Às vezes, presiamos perder para ganhar adiante." Arranco-o, para poder ver o trigal em festa: "Às vezes, precisamos perder para ganhar adiante."
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7
De que vale pedir help pro Shake, se ataca de "...o grande engano de Usina" [sic], sendo prontamente chamado às falas por um mais do que otimista e voluntarioso: "Engano, não, Júlio".
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8
O artigo "Engano, não, Júlio" é de Dom Kless. Vivo a expectativa de outros pronunciamentos de igual ou superior impacto. Haja coração! E fôlego para acompanhar tão intempestivas manifestações de brio!
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9
Leio "Bündchen" como "lacinho" ["chen" é sufixo formador de diminutivo; e "Bund" vem de "binden" = ligar, atar, enfeixar, unir]. Trilha sonora das an(p)tigas: "Lacinho cor-de-rosa" (Cely Campello).
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10
Um jogador do Santos, lamentando ter metido apenas 3 gols contra nenhum do Grêmio: "Mas foi uma vitória. Melhor do que derrota ou empate."
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Com bom-humor, os colegas veriam que isto não é e não deve ser levado a sério. Leio, logo parodio. Até para chamá-los de volta à peleja. Viver é lutar, mesmo que seja só por um lugar entre os mais lidos. I love and read you all.
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Por falar nisso, fui ver o que rola no "tão interessante placar do Usina". La Arder só fez subir, com sua estratégia light. Pena que Marcelo Rubenio esteja quase a ultrapassá-la. Quanto a mim, sou Aulow Randap. E não abro.
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Poucos sabem que, zeloso, arquivo tudo o que neste quadro se desvela. No futuro, Deo volente, almejo produzir um longo e tenebroso roman fleuve à clef. Epígrafe: "Se eu seria personagem" (de "Tutaméia", G. Rosa).
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Gus, prometo não ler nunca os teus textos. A aura do outsider, não quero tirar-ta por nada neste mundo.
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Em matéria de criação, somos todos amadores. Profissional mesmo, só UM. E, por falar em imortais, ontem vi Karloff, the Uncanny, em "The Mummy". O DVD traz um extra extraordinário: "Mummy Dearest".
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Milene, faço meu o teu pranto. Sempre te vi como uma lutadora cheia de brio e fibra, admirando o denodo com que bravamente lutas em meio inóspito, porque falocrata. Às vezes, presiamos, ops!, precisamos perder etc.
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"Estratégia light", sim, seja "iluminada", incessantemente a arder, porém "leve", "solta". A leveza, uma das 6 propostas de Calvino para o milênio que se inicia, cumpre buscá-la. Com bri(lh)o.
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Um mote: "Sem alento, digo truco, quando o troco é truculento". Ou: "Sem alento digo truco, quando o traque é truculento". Glosando Milene: "Às vezes, é preciso perder para não apanhar adiante".
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Mais poderosa do que "assaltou-me a mente", só mesmo esta expressão que uma vez me chegou às orelhas: "ocorre-me ao espírito". Belas expressões para o que rola neste mens insana : "no calor da hora" e "de afogadilho".
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20
Soube o destino poupar-me da "síndrome dos mais lidos" ("mal de corifeu" ou "sarampão rankeiro"), que, atingido um certo sucesso, leva a excessos de ponderação e bondade cristã, ou a surtos de idealismo construtivo.
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21
"Alone, bad. Friend, good." [Frankenstein, em "A noiva de Frankenstein", de James Whale] Como dizia Agnaldo Rayol: "não sou obrigado a dar bom dia". Que cada qual saiba administrar seus próprios delírios.
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22
Alguém diz: "Estou abandonando o Usina. O quadro de avisos, os patrocínios, os destaques, os mais lidos, é tudo um nojo..." / Alguém sapeca: "Vá escrever na Caras, ou no Almanaque de Nossa Sra. Aparecida, oras!"
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23
O quadro de avisos é minha Disneylândia. Irresistível. Texto de autor lusitano sobre colega dissidente me levou a lágrimas de esguicho. É preciso ter nervos de aço, sr. Waldomiro. São tantas emoções.
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"A eleição de alguns gênios foi o expediente encontrado para que não tenhamos de nos encarar no espelho de um vexame coletivo sem precedentes." [Reflexões Usineiras 4]
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"Todos os homens são iguais perante Deus. Mas alguns são ainda piores." (?)
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"Deixe em paz meu coração / Que ele é um pote até aqui de mágoa / E qualquer desatenção, faça não / Pode ser a gota d água." (Chico Buarque)
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Zé? Intimidade espantosa, vinda de quem empertigada e sacanamente insistia em me tratar por "professor". E surgiu até um autor, sehr ungefährlich, catando cavacos em "linguagem alemã" aí abaixo.
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MOLÉSTIAS USINEIRAS: A "Síndrome de Sílvio Caldas" faz com que a vítima, compulsiva e repetitivamente, se despeça. O alarde de que se cerca e as lágrimas de esguicho de uma cada vez mais numerosa legião de leitores só fazem antecipar-lhe o comeback inevitável, é claro, nos braços do povo. Em certos casos, a enfermidade pode evoluir para o "Mal de Jânio Quadros", que costuma ser fatal.
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"Jeder für sich und Gott gegen alle."
[do MACUNAÍMA, de Mário de Andrade, a título do filme que entre nós se chamou O ENIGMA DE KASPAR HAUSER, de Werner Herzog]
[e até a próxima edição do seu U-zine, trazendo mais, muito mais para você] |