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Contos-->Pipoca -- 03/08/2008 - 18:42 (Ilário Iéteka) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Pipoca

Valério morava em um pequeno sobrado, comerciário, admirador da natureza. Gostava de jogar um futebolzinho com amigos. Em seu pequeno quintal, criava coelhos e pombas brancas. Era o seu passa-tempo.

As aves estavam em gaiolas bem cuidadas, com água limpa e ração de boa qualidade. Tinha os animais em repartições individuais. Saía a procura de verde para seus coelhos. Seus bichinhos não passavam fome, reproduziam-se com rapidez. Às vezes abatia uns coelhos, levava para empresa e fazia uma caçarolada para os amigos.

Num belo dia, saiu do trabalho todo animado. Achava que estava num dia de graças. Valério desceu do ônibus, começou a caminhar rumo a residência. No caminho deparou com um pequeno sapo. Parou por um instante para reparar na atitude do animal e assim notou o desespero do pequenino.

No meio do trânsito, saltitando de um lado para outro, a luz dos faróis lhe fazia mal. Com certeza seria atropelado e morto. Valério compadeceu-se do bichinho. Teria que apanhá-lo e levá-lo para lugar seguro. Ao resgatá-lo, notou que o animal era lindo, tinha um tom azulado como a cor do mar em dias de calmaria. Ele encarou o sapo e disse:

_ Vou te levar para minha casa! Confie em mim e te criarei com todo o cuidado necessário. Apesar do quintal ser pequeno, arranjarei um lugar para você. O muro é alto, ficando protegido, e não conseguirá fugir. Vou cuidar de você. Não se preocupe.

Valério chegou em casa, passou pela cozinha e foi direto para o quintal. Soltou o pequeno animal que saiu pulando a procura de um lugar para se esconder. Como não havia lixo, nem mato, o pequeno anuro foi obrigado a escolher um canto do sobrado como casa por muito tempo.

Valério tinha paciência para caçar moscas, besouros e minhocas para saciar a fome do seu novo hóspede. Além de seus coelhos e pombas, agora tinha o sapo. E assim tornou-se o bicho preferido. Ele chegou a comprar livros de biologia para saber sobre a criação de anfíbios. Descobriu que o sapo macho era pequeno em torno de trezentas gramas. Seu sapo era muito maior, deduziu que era um sapo fêmea e disse:

_ Você salta tanto que a partir de hoje, vou dar-lhe um nome, Pipoca.

O sapo parecia entender e Valério continua falando:

_ Veja o que eu trouxe para você!

O sapo saltava do seu canto e vinha em sua direção para saborear os insetos e minhocas. Com o tempo o bicho conhecia sua voz e o barulho do seu andar. Naquele pequeno pátio, os dois se entendiam. Valério caminhava e Pipoca já estava próxima de seus pés a procura de carinho. Gostava do toque e retribuía estufando seu corpo. Assim voltava para seu canto sem incomodar ninguém.

Pipoca só alimentava-se de insetos e minhocas vivas. A inteligência era imensa. Ela era exigente a ponto de ficar examinando o movimento da sua comida. Após a refeição, ia para seu buraco no chão, escondia-se e ficava imóvel. Ela se mexia cada vez que escutava a voz de seu amigo.

Esta amizade durou quatro anos. Nesse período, Pipoca engordou, cresceu e chegou a pesar mais de um quilograma. Os dias de chuva eram puro encanto para o sapo. Ia tomar banho, praticava seus saltos e procurava Valério pelo quintal. Parecia que o coaxar do animal era um pedido pela comida viva. O momento pior de Pipoca aconteceu num dia como este descrito.

Valério estava trabalhando. Sua sogra veio visitá-lo e não sabia nada a respeito de Pipoca. Ao encontrar o sapo no quintal, o susto foi inevitável e o grito surgiu pela garganta. Ela correu até a cozinha da casa, pegou um saco plástico e um cabo de vassoura. Assim foi empurrando Pipoca para um outro destino. Na verdade ela estava expulsando o pobre animal de seu lar, seu cantinho aconchegante. A mulher jogou o plástico com o sapo num capinzal próximo da casa de Valério.

Valério ao chegar em casa, como de costume, ia cuidar dos animais e brincar com o bicho preferido e, só depois, dar bom sono a todos. Porém naquela noite, não viu o sapo. Ele procurou, nada achou e o desespero foi crescendo. Desabafou, pesaroso:

_ Como ela poderia ter sumido? Saltar o muro é impossível!

Correu até a cozinha, perguntou se alguém teria visto a sua mascote e gritou:

_ Pipoca é o meu sapo!!

Sua sogra era uma mulher muito religiosa e supersticiosa, tinha medo de simpatias, benzedeiras e macumbas. Ela meio apreensiva apareceu e começou a contar:

_ Eu estava no quintal e vi um mau agouro! É isso que representa um sapo! Livrei sua casa desse infortúnio. Peguei o bicho com uma sacola e joguei lá no banhado, junto do capinzal!

Valério foi até o lugar mencionado, procurou por toda parte. Estava nervoso e procurava de um lado para outro em vão, mas continuava chamando:

_ Pipoca! Pipoca!

Infelizmente, Valério não encontrou seu bichinho de estimação. Ficou muito irritado. Estava nervoso e começou a discutir com sua esposa, emocionado, por causa do animal e, então, disparou:

_ Eu pago as contas dessa casa! A senhora com crendices tolas achou que meu sapo é uma estranha criatura? Todos somos estranhos! Sinta a conseqüência de seu ato. Achou que tinha o direito de retirar Pipoca daqui, então como dono dessa casa também tenho o direito de retirá-la dessa casa assim como fez ao pobre animal!

A esposa estava indignada, mas vendo o sentimento do marido, aconselhou a mãe a ir embora. Valério foi até o cantinho que Pipoca morava e com uma frase carregada de profundo rancor, despediu-se:

_ Pipoca, onde você estiver, saiba que estamos vingados!
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