Maridos incautos e distraidos que se cuidem. Não somente a ex-mulher do Pitta mas ... quando menos se espera, bem, assim,, em tempos de homens que dizem "não sei de nada"; "não tenho conhecimento disso"; "isso não existe" ; "nem tenho nada com isso". No meio de intrigas e bandalheiras, lavanderias a granel e no atacado, temerários assaltos ao dinheiro público, suposições e versões contadas e recontadas, ela surge, então, ela, uma mulher, a ex-esposa que sabe de tanto,de muito, de quase tudo. E mais, conta para todo o mundo. Senta bem lá no Congresso, anterior reduto do seu ex e bota pra quebrar. "Sim. O mensalão existe e o Waldemar recebia"...
O noticiário desta última quarta-feira, um dia de Mercúrio, movimentado e cheio de relatos vazios e omissos sobre armadilhas e peças, seria cómico se a situação não fosse desastrosa. Sim, essa mulher, sim, ela sabe de casos e de histórias, dos personagens e suas "malas", com e sem alça. Sabe de onde o dinheiro vinha e para onde parece ter ido. Ah, essa Maria Cristina, convincente ex-mulher de um (ainda) deputado. Seja lá quais razões ela tenha, que mal ele possa a ela ter feito... mas a nós brasileiros, de certo modo ela nos faz um bem, quando abre a boca e parece ter lavado a alma de todos nós. Dos ingênuos, esperançosos, idealistas e sonhadores que votamos no PT, que acreditamos. Que nos encantamos ao ver nossos jovens filhos entregando em vão seu primeiro voto. "Lula lá... meu primeiro voto... brilha uma estrela.." A musiquinha era linda mas o resultado e a orquestração que aprontaram em grupo foi temerária, é assustadora.
De outro lado o depoimento do Sr Delúbio Soares, a voz fanha, pegajosa, enlerdecida, como se estivesse sob efeito de psicotrópicos, a voz arrastada, dissumuladora, a calma e a vagareza no depoimento diferente da esperteza na ação. A lentidão de quem parece ter costas largas e estar se sentindo cuidado e a salvo por alguma força estranha... Oh grande mistério, como fazem pouco e descaso de todo nós o povão.
Ah, mas ainda temos algumas mulheres brasileiras felizmente. Temos a Senadora Heloisa Helena corajosa e desabrida, indignada e firme. Temos a Deputada Juíza Denize Brossard, inquirindo o moço sonolento lá sobre "se ele conhece uma prisão brasileira, uma prisão de brasileiros, não de políticos" perguntou ela. Temos moças como a Karina Somaggio e sua bendita agenda e toda simplicidade.
Ah, quem dera houvesse mulheres como essas no STF, talvez não tivéssemos que lidar com criminosos acobertados por habeas corpus, não estaríamos à mercê de má fé, do desrespeito, de escutarmos o que não merecemos, o que não queremos e ainda por cima, conjeturando quando é que toda essa escuridão, em que hora se hora amanhece e nos liberta de tanta podridão e decepção.
Lourdinha Biagioni, Belo Horizonte, 21 de julho de 2005.
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