Na Folha de hoje, matéria sobre atores que anunciam de um tudo:
"como se fossem verdadeiros consumidores", astros da televisão emprestam sua imagem para vender de apartamento a remédio para impotência".
A "imagem". Essa seria uma boa resposta para aquela frase sobre a qual lancei enquete (em andamento) no usina :
"Não nos peçam para dar a única coisa que temos para vender."
Pois eles vendem. De um tudo, repito. Produtos que não usam, jamais usariam. É sobre isso a matéria. E há quem venda a mãe, a família, o cachorrinho e etc.
Definitivamente, "de Calcutá" e "de Assis" são sobrenomes em baixa.
Voltando à matéria da Folha, confesso, fiquei aliviado. Não por mim. Que isso não me afeta. Não tenho imagem a vender, nem nome a zerar (como dizia o Leminski).
Por isso, talvez, como quer o Denison (Borges ou Souza Borges, ex-punkgirl), eu estaria me soltando...
Não por mim, retomo, mas pela netinha da atriz Nicete Bruno e do ator Paulo Goulart, sobrinha da Beth e do Paulinho (vocês sabem como são essas coisas de família). A nenenzinha tomava anador (ou doril?) já dissolvido na mamadeira, se bem me lembro. Lembram-se? Melhor saber que era de mentirinha. Poor baby!
Agora, quanto ao ator Marcos Palmeira, em que pese a preferência por anas paulas, esse nunca me enganou. Sempre o achei capaz - paladar refinado -de preferir mesmo um nescafé ao nosso bom e puro, mas antiquado cafezinho.
O ator é, aliás, sobrinho do Chico Anísio. Um dia alguém ainda escreverá uma tese sobre esse fato inegável. No Brasil, a arte está mesmo no sangue. De algumas famílias. E isso vem se acentuando ultimamente (que coincidência!), neste admirável mundo novo do mapeamento do genoma humano, da clonagem humana e ajuda humanitária para a morte.
Mas, voltando ao tema, o Marcos Palmeira talvez tenha toda a razão. Mesmo porque, pelo andar da carroça nacional, o nescafé é o que vai nos restar no final de toda essa tucanagem. A gente manda a matéria prima e depois importa os derivados. É o que vimos fazendo, cada vez mais insistentemente, e com grandes resultados. Para quem produz os derivados, é claro. Nesse quesito, nós, brasileiros, não somos por assim disser muito versados. O nosso negócio é ócio. Muito futebol (em frangalhos) e samba no pé. Para não falar da "xenicália" toda, que, gentilmente, os meios de comunicação despejam sobre o nosso coco (onde fica o acento?).
A propósito, outro dia ainda eu me referia a uma expressão recém-aprendida: "à moda bosta". Querendo dizer "em grande quantidade". Pois é.
No mesmo caderno tv folha , vale conferir a crítica do Nelson Ascher, que fala, justamente, sobre os limites, tênues, a separar ficção e realidade. Desta, o que ainda sobeja.
"Muito terá de se apressar, quem quiser ver ainda alguma coisa", dizia o pintor francês Paul Cézanne.
Depois vieram o triunfo da técnica, da máquina fotográfica, do cinema, dos jornais, das revistas ilustradas, e algumas idéias geniais, como o ensaio "A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica", do filósofo frankfurtiano Walter Benjamin.
Hoje, velhos de guerra, estamos aprendendo a falar do século passado, o século XX. Quem diria?
E o usina de letras , ao que parece, vive com frisson , comme il faut , este momento roupa-suja-se-lava-na-internet.
LEIAMO-NOS UNS AOS OUTROS.
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