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Textos_Religiosos-->Joseph Ratzinger e as religiões -- 08/11/2007 - 15:05 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Joseph Ratzinger e as religiões

Entrevista com o professor Rodríguez Dupla

SALAMANCA, terça-feira, 6 de novembro de 2007

ZENIT.org

A editora Ciudad Nueva (http://www.ciudadnueva.com/new/catalogo/otras04.asp?id=19592) lançou um novo livro titulado «A Igreja, Israel e as demais religiões» que recolhe quatro escritos do então cardeal Joseph Ratzinger, hoje Bento XVI, sobre o diálogo inter-religioso.

Zenit entrevistou o professor Leonardo Rodríguez Dupla (Madri, 1963), catedrático de ética e filosofia política na Universidade Pontifícia de Salamanca, de cuja faculdade foi decano durante seis anos e é autor da apresentação do livro.

O professor Rodríguez Dupla, que estudou filosofia em Madri, Salzburg e Munique, afirma que a maneira de entender o diálogo do então cardeal Ratzinger «se caracteriza pela disponibilidade para aprender dos outros».

–Qual é a visão do então cardeal Ratzinger sobre o diálogo inter-religioso?

–Rodríguez Duplá: Desde os anos do Concílio Vaticano II, a Igreja estimulou constantemente a prática do diálogo com crentes de outras religiões, e em particular ao diálogo com a fé de Israel.

O teólogo Joseph Ratzinger não foi alheio a esta sensibilidade eclesial. Em escritos publicados ao longo de várias décadas de atividade teológica e pastoral, ele demonstrou um constante interesse pelo diálogo inter-religioso.

Sua maneira de entender este diálogo se caracteriza pela disponibilidade a aprender dos outros.

Não se deve excluir de antemão que as grandes tradições religiosas não-cristãs contenham elementos importantes da verdade que salva, elementos que, incorporados ao caudal da religião cristã, contribuirão para purificar nossa fé.

Para identificar esses elementos valiosos, é preciso conhecer as outras religiões, e isso implica o esforço, certamente árduo, de entendê-las «desde dentro», sem impor-lhes um molde universal e abstrato.

Por outro lado, esta disposição a aprender dos demais não comporta renúncia à pretensão de verdade por parte do cristianismo, nem tampouco renuncia a sua vocação missionária.

–Essa perspectiva mudou, desde que ele se tornou Papa?

–Rodríguez Duplá: A posição do Papa não variou nos últimos anos. Seu recente livro «Jesus de Nazaré» é, entre muitas outras coisas, uma continuação de seu diálogo constante com o mundo judaico, de maneira muito especial nas páginas nas quais discute a interpretação do sermão da montanha proposta pelo rabino Jacob Neusner.

Esse interesse pelo entendimento entre judeus e cristãos tem uma de suas raízes na unidade profunda do Antigo e do Novo Testamento, que é sem dúvida outra das chaves do livro.

Por outra parte, em seu discurso de Ratisbona, o Papa voltou a insistir na ilegitimidade da doutrinação violenta, defendendo a persuasão pelo «logos» como único caminho adequado para o proselitismo.

–No livro, Ratzinger está convencido de que o contato com as tradições religiosas, especialmente asiáticas, pode ajudar o cristianismo a reavivar sua dimensão mística. Por quê?

–Rodríguez Duplá: Neste livro, Ratzinger trabalha com a distinção entre religiões teístas, orientadas à transcendência, e religiões místicas, vertidas à interioridade do sujeito. As grandes religiões asiáticas pertencem a este segundo tipo.

Essas religiões não atribuem ao divino um caráter pessoal, nem concebem o mundo como criação; aqui a experiência de fé fundamental é de natureza mística, e se alcança mediante o recolhimento interior que leva o sujeito a submergir-se na profundidade muda do ser.

Esta via da interioridade desemboca em uma teologia estritamente apofática [negativa, ndr.], que renuncia a toda definição dogmática e a toda estrutura institucional. As diferenças com o cristianismo são, certamente, muito patentes.

Contudo, Ratzinger defende que o contato com essas tradições aparentemente tão distantes pode ser enriquecedor para o cristianismo na medida em que estimula a consciência de sua própria dimensão mística e apofática.

É da maior importância que não esqueçamos que o que podemos afirmar de Deus não é senão um pálido reflexo de uma realidade que transborda muito o nosso pensamento.

–A figura de Cristo não é um obstáculo insuperável para o diálogo entre Israel e a Igreja. Como o cardeal Ratzinger o argumenta em seus escritos?

–Rodríguez Duplá: É um fato histórico indiscutível que Cristo foi para os cristãos de todas as épocas e latitudes a via de acesso ao universo religioso judaico.

Graças a Ele, a Bíblia de Israel chegou a todos os povos e o Deus de Israel chegou a ser venerado como único Deus verdadeiro em todos os cantos da Terra.

Este fato sugere por si só que as relações entre ambas religiões não podem ser de hostilidade ou indiferença.

Por outro lado, Ratzinger explora nas páginas desse livro, com grande finura teológica, o sentido de expressões como «Nova Aliança» ou «Lei Nova», mostrando que, quando são retamente entendidas, não supõem a derrogação do precedente, mas seu cumprimento e consumação.



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