Hoje não vou falar de amor...
mas do medo e pra todos os efeitos,
quero dizer-te que estou sozinha.
Quero falar da insanidade
que me ronda todos os dias
e com toda a certeza,
será breve esta trajetória
de hospícios e becos,
esta breve memória
de estar assim deste jeito...
Hoje preciso falar da urgência,
da falta de ar que me aperta o peito
a cada momento que não encontro saída,
para esta falta de argumento.
Quero falar do desespero,
da perda dos sonhos,
da insatisfação diária
de não ter conseguido ao menos,
rabiscar um verdadeiro sentimento.
Lá vem eu falando em corações,
se nem o meu, sobrevive mais.
Quero ficar calada
como as folhas de um outono,
quem sabe eu me refaça
depois de tanto abandono...
Antes que tudo se acabe
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