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Contos-->O maço de mil -- 11/11/2008 - 12:55 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O maço de mil

Fernando Zocca


Luisa Fernanda, da seita-maligna-do-pavão-louco, feliz por saber que o Corinthians voltara à primeira divisão, resolveu relaxar um pouco e, caminhando com aquela sua camisa verde-gosma, até o boteco da esquina, expressava em voz baixa, o seu desejo de ver o Grogue longe de Tupinambicas das Linhas.
Era tarde de segunda-feira e a moça dengosa, com aqueles sons do samba que acabara de tirar de ouvido, no teclado já amarelado pelo tempo e encardido pela falta de higiene, reverberando nos ouvidos, entrou no boteco onde pediria mais um maço de Mil.
Ao pisar com o pé direito na soleira da porta, pôde ver o Pery, que diante da garrafa de cerveja, dava sinais de que o emprego conseguido pelos amigos fora preterido, naquele momento, quando então o homem, macho, muito macho, cuidava de irrigar as tripas com a cervejinha gelada.
Luisa Fernanda soube que o banco em que trabalhava tinha recebido uma carreta cheia de dinheiro como forma de auxílio aos banqueiros com débitos na praça, mas mesmo assim, ao pagar o maço de cigarros, lembrou-se que deveria preparar a correspondência, no setor em que trabalhava, destinada aos devedores inadimplentes da sua casa bancária.
Pery Kitto disse à Luísa:
- A senhora não foi trabalhar hoje, lá no banco, dona Luisa? Mas não acabou a greve dos bancários?
Luisa Fernanda era uma mulher que não gostava muito de falar. Ensimesmada, ela tinha como hábito dizer poucas palavras pois possuía temores horríveis de que lhe corrompessem os ditos, criando contra ela as intrigas temidas.
Mas mesmo assim ela respondeu:
- Não, não, eu vou trabalhar daqui há pouco. Tenho uma correspondência enorme para postar. São devedores do banco que precisam ser notificados da falta do pagamento.
- Mas dona Luísa, o governo federal não deu dinheiro público para ressarcir os prejuízos, que aconteceram por causa dos empréstimos não recebidos pelos bancos? - Pery estava por dentro do assunto e para ele, o credor dos papagaios inadimplidos dos bancos, seria o governo federal. É o que os advogados chamam de subrogação.
- Olha, seu Pery, eu não entendo nada disso. Eu sei que me mandaram cobrar quem não pagou o banco. Agora... se o banco já recebeu do governo federal e agora quer receber também dos devedores originais, isso eu não sei. Não compete a mim questionar esse assunto.
- Sabe dona Luísa, não precisa ser advogado para saber que isso que seu banco está fazendo é crime conhecido como enriquecimento ilícito.
- Ah, não sei nada disso. No fim do mês eu recebo o meu salário. Faço o que me mandam. E pronto!
Notando que ficara nervosa, Luísa Fernanda pagou o março de cigarros Mil que comprara e saiu sem dizer mais nenhuma palavra.
Pery Kitto olhando então para o dono do boteco disse, após ingerir um gole de cerveja:
- Você vê como certos bancos ganham dinheiro? É justo? - E depois sem esperar pela resposta do barman, pediu outra cerveja, mas acrescentou:
- Me dê um copo gelado, um copo mais fresco, faça-me o favor.



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