CÉU E PRECIPÍCIO
As idéias brotam na beira do abismo,
Quase sempre vertem rente ao coração,
Nascem puras, nos momentos em que cismo
De fazer das altas nuvens o meu chão.
É que as mãos nunca conseguem, por destino,
Transformar inspirações em formas rígidas
E o fulgor das maravilhas que imagino
Viram letras tortas, mortas, vãs e frígidas.
Das idéias, na nascente, tiro o véu,
Porém quase sempre perdem-se ao léu,
Busco ser o criador e sou carrasco:
Tento pô-las, em palavras, no papel
Mas, voláteis, alçam vôo para o céu
Ou, pesadas, precipitam do penhasco!
Oldney Lopes© |