Mariquinhas
Mariquinhas andou pela boca das vizinhas.
Morreu, e foi sepultada num caixote de
tabuinhas.
As suas grandes amigas lá foram ao funeral,
Mas só dela disseram mal.
Encheram tudo de intrigas.
Deixou uma linda guitarra pendurada
na parede da sala.
Já andam para levá-la.
De saudades a definhar, passa os
dias a lembrar dos dedos da Mariquinhas
que a sabiam tocar.
Vai se calar para sempre, nem cantigas
de saudades, nem música de lamento
lento como costumam ser os fados.
Aquela morada encantada onde
Mariquinhas morava vai sendo aos poucos
saqueada.
As flores, que plantava, de tantas saudades
secaram. E as jarras, tão bonitas, junto com as
as flores murcharam.
Quadros a óleo, candeeiros a petróleo, mobílias
de casa rica, muita renda, muita fita.
Ali Mariquinhas viveu, vida de rainha conheceu.
Agora dorme eternamente no caixão de tabuinhas
a senhora Mariquinhas.
Sebastião Custódio Duarte
( tio de Lita Moniz)
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