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cronicas-->CADEIA! -- 08/09/2005 - 09:38 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CADEIA!


Fernando Zocca


Aquela ratazana de restaurante e padaria, não poderia assim ser classificada, sem incorrer o taxinomista em engano, visto ter aquele mamífero prenhe, cerca de 1,82 de altura. A fulana falava grosso e tinha pés enormes. Fora abandonada pelo pai do seu terceiro filho e vivia, em festas e badalações.
A dita cuja não se deitava sem antes fazer o mal à alguém. Além desses qualificativos todos, a infeliz era inapta à leitura. Tal fato a deixava vulnerável aos caprichos dos demais integrantes do seu grupo louco, que faziam dela gato e sapato.
Ela chegava sempre depois da meia-noite dentro daquele Gol velho, distribuindo escarcéu e estardalhaço pela vizinhança.
Seu pai comprava na padaria, onde a matronaça trabalhava, os pães com os quais fazia os famosos sandubas-do-demónio, muito utilizados por pessoas portadoras de prisão de ventre crónica.. É claro que só ingeriam aquelas mixórdias quem precisasse, pela desanda, aliviar as tripas.
Na verdade, a mulheraça rúbida, com aquela idade que tinha, e o baixo nível de responsabilidade, tornava-se cada vez mais, um peso insustentável para os pais. Afinal, a melindrosa participava das orgias, engravidava, e depois passava a incumbência da criação dos frutos da negligência, ao casal pobre e escangalhado.
A lagartixa cabeluda, teimava em apontar o cisco no olho do vizinho, mas a pobre infeliz, não enxergava a trave no olho próprio.

Replay

Seus pais viviam preocupados; envelheciam, mas a fuxiqueira da periferia, não se emendava. Quando menina dera bastante trabalho e agora nessa idade núbil, fazia filhos e deixava para eles, os velhos criarem.
A malévola sabia, desde há muito, que com gritos não se afinava a rabeca, porém saia sempre em defesa do Jarbas, o caquético testudo, prefeitinho de bosta, exímio em lançar laranjas contra seus adversários.
Em troca dos favores que fazia ao alcaide, candidato à cadeia, os patrões da balconista do fubá, colhiam benesses fiscais dos agentes municipais corruptos.
Ora todos sabiam ser o Jarbas insigne nas falcatruas, com as quais favorecia empresas de parentes e amigos, nas licitações de prestação de serviços, aos órgãos públicos a que servia.
Jarbas já tinha contra si 5 processos por desvio de verbas públicas. Mas a morosidade do poder judicante, dava a ele, a certeza de que poderia continuar impune, aplicando seus golpes contra o dinheiro do povo.

Como as empresas dos parentes do pangaré ganhavam as concorrências?

Parentes e correligionários do Jarbas sabiam antes, por corrupção de alguns funcionários públicos, dos preços apresentados pelos concorrentes. Para vencer a licitação pediam valores bem inferiores aos dos rivais. No curso das obras, alegando insuficiência financeira, por motivos alheios às suas vontades, as empresas conseguiam reforços monetários, com prejuízo aos cofres públicos.
Quando se via em apuros financeiros, a prefeitura forçava seus agentes de trànsito a obterem a aplicação do maior número de multas diárias, contra os condutores da cidade. A população não imaginava que os reajustes das tarifas das contas de água eram sempre por decorrência das reservas monetárias baixas da prefeitura.
Mas a riqueza do prefeito, e seus parentes, aumentavam sempre. Nesse caso aplicava-se com muita propriedade o provérbio: "Onde não existe igualdade, o alívio de uns produz aflição nos outros."




O RELÓGIO

Fernando Zocca


Jarbas, o prefeito eleito de Tupinambicas das Linhas, conhecido também como o nó cego, tinha algumas manias e, dentre elas havia a de classificar metodicamente, todas as ocorrências por ele vividas no dia-a-dia, numa agenda, onde escrevia como num diário.
Ele era tão maçante, mas tão maçante, que o pessoal se mostrava vivamente aliviado, quando percebia o final de qualquer reunião dirigida por ele. Alguns adversários diziam: "Se ele fosse cineasta, com absoluta certeza, tendo nas mãos uma càmera, e na cabeça bundas, reencheria impunido, com pornochanchadas, o pobre cinema nacional."
Aquela sua testa expandida, que mais lembrava um escorrega oleoso de mosquito da dengue, deixava vulnerável ao calor do sol, o cérebro desmilinguido. Uma das consequências do superaquecimento era confundir as coisas; e o goiaba, já trocando as bolas, misturava seu jato com seu chato.
Jarbas não estava nem ai com os admoestadores. Ele não dava a mínima bola aos que afirmavam: "Se o apropriador não devolver os frutos do seu crime, será também lesado, com os mesmos jeitos e artimanhas, usados por ele, para desapossar o poder público."
Alguns teclados peçonhentos já digitavam: "O Jarbas, longe de prover a subsistência dos seus eleitores, retiraria deles a sua".
Mas ele não era tão bobo assim. Ele sabia das diferenças existentes, por exemplo, entre "adúltera velha e traíra sem espinhas".
Quando era menino, Jarbas gostava de esconder-se no forro da sua casa. Certa ocasião, depois de comer toda a sobremesa do almoço, antes mesmo da chegada do pessoal, subiu ao revestimento do teto. Lá em cima, sentiu vontade de evacuar. Não se deu por vexado, e nem se daria o trabalho de descer. Usando um saco de plástico aliviou as tripas. Na dúvida sobre o que fazer com o embrulho, afastou algumas telhas e lançou o produto sobre o telhado.
Ele não esperava que a chuva próxima, levasse o pacote pra calha, causando seu entupimento, e a consequente inundação da casa toda. Mas foi o que ocorreu. Por isso, quando se viu candidato prometeu construir mais de 3.000 mil moradias, nas quais haveria dois ou mais W.C.
Jarbas ficou regionalmente conhecido quando, em campanha, divulgou seu bordão exclusivista: "Tupinambicas das Linhas pros Tupinambiquences". Alguns bajuladores diziam abertamente, não ser o Jarbas girassol, mas que sabia como se virar muito bem.
Quando Van Grogue ouviu a notícia da eleição de seu desafeto descuidista, sentenciou aos integrantes da patota reunida, sob a marquise do Banco da Colónia, naquela noite de sexta-feira lúgubre: "Antes mesmo de ouvirdes os chiados das cigarras, no ano que vem, meus amigos e minhas amigas, vocês assistirão ao impeachment do Jarbas"


Leia também da série Finalmente Tupinambica das Linhas se Ferrou: TARJAS FÚNEBRES, TARJAS FÚNEBRES II, A PACHEQUICE, ABRE TEUS OLHOS, O COLARINHO BRANCO DO JARBAS, ZÉ TAPINHA, JARBAS, O NÓ CEGO, e A LOUCURA COLETIVA.






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