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Poesias-->O QUE NÃO SEI PERGUNTO A NINA -- 12/11/2009 - 11:11 (Alfredo Burghi ) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O que não sei pergunto a Nina



Passo horas pensando em uma pergunta para fazer-lhe. Depois gasto algum tempo, curto, perguntando a ela. Preciso de algum tempo até ela prestar atenção ao que estou falando. Quando isso acontece me olha firme nos olhos, fixa o pescoço em uma só direção e parece uma aluna cegamente concentrada em seu professor. Conforme pergunto percebo que ela dá um tempo. O tempo necessário para pensar na resposta.

Os tipos de pergunta que faço são óbvios e fáceis de se fazer a uma dálmata. As dálmatas são boas de elaboração do pensamento. As ajudam os movimentos que fazem de caça de passarinhos pelo jardim. De boca aberta e orelhas em pé caçam, o que lhes é da raça, mordem a caça e as abandonam. Esses exercícios as tornam ágeis de corpo e de mente. E de espírito também. Uma amiga me disse que Nina está em sua última encarnação. Na próxima voltará humana. Por isso sabe pensar. E pensa profundamente. Não que tenha experiência passada. Não que saiba ler e tenha lido para saber as respostas. Simplesmente as sabe, ou melhor, as encontra. A mim não é dado saber onde as consulta ou busca. Só me interessa que sabe dar as respostas. Inicialmente eu perguntava sobre o tempo. Ela passava um tempo olhando o céu, cheirando a grama, mordendo ossos e respondia. Se latia seria seco e ensolarado. Se tossia molhado era chuva na certa. Nunca errou. Muitas vezes fui à praia confiando em sua meteorologia. Fui avançando. Tornando as perguntas mais difíceis. Mais filosóficas. Menos objetivas. Como descobri que ela era capaz de dar respostas? Não me pergunte como e nem quando. Simplesmente aconteceu. De um dia escuro para um dia claro. Depois de ler um poema de Drummond. Depois de querer saber quem viria visitar-me. Quanto tempo faltava para o Natal. Coisas desse tipo. Todas as respostas eram exatas. Ficava feliz se fosse um amigo. Definia o Jorge subindo no sofá da garagem, onde ele gostava de brincar com ela. Batia a pata para marcar o tempo. Uma batida, uma semana. Se o poema era alegre ria, se triste chorava, se intrigante, como a pedra no meio do caminho franzia a testa e mancava de uma perna, machucada pela pedra de Drummond. Só fiquei infeliz outro dia, quando lhe perguntei de meu amor. Onde ela estava, com meus olhos tristes. Nina saiu pela porta da frente saltando a grade. Foi-se embora e nunca mais voltaram.

11/11/09

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