Poesia?!... Andam por aí montanhas e montanhas dela, rios caudalosos a transbordar, mares de onda erguida até à flor, universos, galáxias à espera da palavra que há-de vir designar as galáxias todas...
Contra-Poesia?!... Tsumanis, Katrinas, abismos de frustados, cavernas de perversos, boeiros de humanas ratazanas maníacas, onde o verso, seja ele qual for, serve tão só para trair, conspurcar e poluir as fontes da inspiração e do fervor espiritual. Lembram-me os curiosos que se aproximam de um piano, e, sem o mínimo senso musical, persistem impor os dedos à s teclas até obter a desafinação perfeita.
Conheço um sítio poético que se apresenta como o melhor da Europa, onde os participantes, poetas excepcionais e respectivos aspirantes, passam a vida a recolocar a mesma baboseira, lambuzando-se uns aos outros insuportavelmente. Um tipo que se auto clique 25 vezes desde logo acende a chama do mérito. Então, de pasmar, a desintepretação é exímia e fulminante.
- Venho parabenizá-lo, meu querido: o seu poema é mais uma liana para chegar à minha densa floresta.
- Venho parabenizá-la, minha querida: o seu poema lembra-me a mão de um sonho a afagar a árvore da vida.
Também, logo que se extravasa a "imposta normalidade" através de réplica azeda à provocação, como o referido sítio elimina sem mais o nome e a obra do replicante, todos se subordinam, tal e qual "angélicos cordeirinhos", ao nazismo vigente. Oh... Se a minha "onda" se exprimisse sobre tão "pura poesia"
Às vezes, muitas vezes, interrogo-me: diacho, porque será que esta macacada toda, em lugar de martirizar a poesia, não vai pilotar aviões?... Mas só monolugares e sobre o deserto, claro!
E, pois, obviamente, a terra queimada estende-se até ao mais ínfimo limite onde o voo começa sem hipótese de pousar... Os abutres grasnam, os coiotes uivam e as hienas choramingam, imitando criancinhas que exalam aflitivo socorro.
Entretanto, com "Poeta", tá tudo bem, meu benzinho. Né?!... Isto é o genérico. E a excepção? Das duas, uma: foge-se ou incontornavelmente dá-se a crucificação. Curioso-curioso, é que, cedo ou tarde, até os algozes são crucificados. Por quem?... Pelos "Neros", claro. Na Usina - que privilégio! - pelo menos, o mestre Waldomiro vai lavando as mãos como pode, em bastidores, para não apodrecer com os "vírus internéticos". Apre!...
António Torre da Guia
Som = Around the Worl |