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Poesias-->CONFESSIONÁRIO -- 17/11/2009 - 18:12 (Divina de Jesus Scarpim) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Conta pra sua mãe

a vida que um filho leva.

Conta do seu medo, da sua insegurança,

do seu debater pelo caminho.

Conta-lhe tudo,

fala do seu amor solitário, do seu desejo estalado,

dos seus pensamentos mais sussurrados.

Conta-lhe sobre seus vícios mais devastadores.



Conta-lhe da sua angustiosa busca

e fala-lhe dessa solidão interior que lhe invade o peito.

Conta pra sua mãe da sua infância esquecida,

da sua pureza guardada,

diz-lhe tudo que lhe ensinaram na vida.

Conta, conta pra sua mãe...



Conta do seu brinquedo esquecido,

da sua adolescência medrosa,

da sua fuga quando,

adulto,

lhe disseram que a vida é má.

Conta pra sua mãe...



Fala do seu primeiro cigarro queimando seus sonhos de menino,

dos seus passos na corrida da vida,

fala-lhe do seu melhor amigo,

da mentira que lhe disseram quando você jurou amar pela primeira vez.

Conta pra sua mãe, conta...



Conta que você chorou em tantas noites perdidas,

que você foi boêmio das madrugadas longínquas,

que adormeceu em braços estranhos,

que você acordou no melhor dos seus sonhos...

Conta pra sua mãe...



Conta que na sua lembrança ainda existe bastante daquelas canções

que faziam seus olhos aos poucos se fecharem,

e depois de alguns instantes,

num mundo todo colorido e diverso deste que agora você conhece,

se encontrava com seus heróis,

e de espada você lutava.

Conta pra sua mãe...



Fala da ânsia de subir na vida

que te derrubou.

Conta da menina de olhos doces e sorriso puro

que te segurou pela mão e te levou ao sofrimento.

Fala do seu filho que ficou jogado

no corpo de alguma infeliz

em uma esquina da vida.

Conta pra sua mãe...



Fala da fumaça que lhe trouxe ilusão e te perdeu a vida.

Conta, conta logo pra sua mãe,

esse nó que te aperta a garganta quando você se lembra que também é filho.



Diz à sua mãe do professor que lhe ensinou como se esquece

as boas coisas da vida.



Conta pra sua mãe a saudade daquele abraço que ela lhe deu

em um passado tão longe,

conta..



Conta pra sua mãe tudo,

tudo sobre aquela pessoa que te usou,

e te abriu dor física te derrubando a moral.



Conta daquele cubículo imundo onde você era um rato.

Conta,

conta pra sua mãe...



Fala daquela primeira árvore que você plantou,

e num dia de inverno,

sem que você esperasse,

o vento derrubou as folhas amigas com as quais você confidenciava.



Conta do primeiro passo que,

seguro por mãos fortes,

você conseguiu dar,

fala-lhe que

inutilmente

você procura sem cessar essa mesma força.

Conta pra sua mãe,

conta...



Conta que agora,

cansado e triste,

o suor da luta lhe banha o rosto que antes vivia iluminado de sorrisos.

Conta que hoje,

na agonia do seu fim,

somente o eco do seu apelo responde aos seus suplícios...

Conta pra sua mãe...

Conta pra sua mãe, conta...



Fala da avenida percorrida que ao olhar para trás te dava medo.

Conta pra sua mãe que cada cabelo branco em sua cabeça,

colocado pelas mãos do tempo,

mais te afastam do filho que ela conheceu

e mais te aproximam dela.



Conta pra sua mãe que nesses anos

um amor pequeno cresceu tanto que o fez mudar,

conta...

Conta pra sua mãe...



Conta que você se escancarou na janela da vida

e sem nada de noção,

foi encontrado bêbado no cume do desespero.

Conta pra sua mãe...



Fala que agora,

já encerrando-se para a vida,

sente o sabor amargo dos pileques da experiência,

e que sem saber por que

(ou sabe?)

a língua fica tão grossa que lhe é impossível soltar qualquer sílaba

quando grita no seu íntimo

uma enorme necessidade de cuspir pra fora uma porção de frases,

mesmo sem finalidade...



Conta pra sua mãe, conta...



Conta que agora,

abraçando a cor indefinida da morte

você sente tristeza ao saber que vai deixar gravado

nos quatro cantos do mundo,

sua história inacabada;

&
8195;

fala que a paz lhe abraça, pois,

junto dela,

você ouvirá outras histórias idênticas,

às que você a ela decifrou.



Conta pra sua mãe que essas histórias terão o mesmo começo,

o mesmo meio e o mesmo fim

que você teve.

Conta pra sua mãe, con...

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