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Cordel-->Peleja de Neguinho Romão e Seu Dotô -- 08/03/2002 - 15:15 (Luiz Gustavo Parreiras de Morais) |
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Seu dotô afie o verbo
Pois sou caboclo malandro
Sei do certo e do incerto
Se prepare que tô chegando
O seu moço fique sabendo
Nesta praia só eu que mando
Conheço esta vida vivendo
Cê num sabe com quem tá falando
Nesta rima eu sou cruel
Vou acabar com seu reinado
Você vai parar lá no céu
Depois do meu proseado
Creio que o moço se engana
Se eu for pro céu sou coroado
Lá vou fazer é fama
Com minha prosa e verso rimado
Não se iluda com isso seu cabra
Coloque esse pé no chão
Sua fala na boca só trava
Num sabe junta um refrão
O forasteiro já me encheu
Vai levar uma pisa daquela
Vou tomar tudo que é seu
Cê vai embora com o rabo entre as perna
Eita já deixei o dotô enervado
Agora num junta nem o i com o u
Vou te deixar é calado
Te comê como urubu
Seu cantar é malcriado
Me chamando de carniça
Antes isso do que urubu malhado
Que na caça não se arrisca
Seu dotô vim de tão longe
Pra encontra uma boa luta
Acho que encontrei foi um monge
Que num fala e só escuta
Chico sombra feche as porta
Nesse bar ninguém entra nem sai
Meu rapaz sua fala tá morta
Vou te dar uma surra de pai
Agora a ofensa foi grande
Este rosto nunca apanhô
Cê num serve nem pra pisante
Que dirá pai ou avô
Meu amigo você é novo
Inda tem muito que aprendê
Tá vendo todo esse povo
Vem aqui só pra me vê
Essa gente que veio te vê
Vão saí tudo chocado
Vou acaba com vois me cê
Vou te deixar todo enrolado
Meu rapaz cê num sabe enrolá
Nem cigarro de paia
É melhor cê se calá
Antes que receba vaia
Já cansei desta prosa de um só
Aqui num tem macho não
Esse dotô parece um cipó
Véio e caído no chão
Já que o sinhõ tá querendo
Nem precisa contar a trinta
Vou deixar vois me cê é gemendo
Com uma baita surra de cinta
Essa comversa é só ameaça
Cê num passa de um cachorro no sio
Olhando se vê que é sem raça
É mais um cãozinho vadio
Vejam só esse cabra tá doido
Parece que num tem se olhado
Num é ouro de dezoito
E sim um pneu descascado
Essa prosa já me cansou
Tá chegando a minha hora
Vou embora seu dotô
Pode beijar a minha sola
Ranquei sua rima, Româo
Risquei sua cara no chão
Também já tou indo embora
Com fervor no coração
Sei que o povo me adora
E que carreguei você na mão
Engoli sua prosa negão
Que nem bala no canhão
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