MORRER DE AMOR (EMRIQI- novo pseudônimo)
Eu morro de amor...
Eu morro de amor profundamente platônico
e carnal... morro!
Morro de amor mantido por juras de amor, possível...
como que sentado, de frente ao espelho, estendo os braços e,
vejo a imagem estender-se também.
Eu morro deste amor ao trilhar por seus olhos e,
aos olhos dos outros, vêem o abandonado
tropeçando feito bêbado, tolo.
Meus olhos não me enganam: vejo o seu amor,
mas sou traído pelas minhas pernas.
Meus olhos vêem os seus cada vez mais estanques
e submetidos aos meus, impedidos,
por eu não me deixar te decifrar.
Eu morro de amor por não conseguir concretizar meu desejo,
por correr contra o tempo de teu casamento alheio a mim.
Eu morro de amor por encontrar-me com a morte
cada vez que o Não definitivamente me atinge.
Eu morro de amor a cada vacilo, a cada neura
e perda da oportunidade de encilhar-te um beijo.
Eu morro de amor porque tudo o que imagino
se torna uma distância cruelmente dura.
A qual não alcanço-te pelo simples movimento de lábios,
e passo por ti feito um funcionário fantasma.
Eu morro de amor porque eu amo muito, amo demais,
e crio um mundo a qual tu podes inserir-te de qualquer maneira.
Eu morro de amor porque tensiono a carne,
e explode o meu peito, e irrompe minhas lágrimas, silencioso.
Eu morro de amor porque não consigo mais viver assim:
falta-me o ar, a fala, o riso...
enquanto não cicatrizo o meu amor por ti,
eu te procuro pelo faro.
Eu morro de amor porque sou vagabundo!
Morro disto porque isto é tão pouco.
Morro de amor porque me alimento do pouco:
do gesto, da meia palavra, da preposição, do movimento das flores,
da luz de um poste, do mofo do telhado, da imagem do campo, recém percebida
e etc...
Nutro-me de poesia e me derreto ao te ver nua,
isenta de ti.
Morro de amor em tudo o que fazes,
quando posso morrer de amor.
Morro porque a esperança é a deusa Hera.
Morro de amor para poder morrer em teus braços, mesmo distante
Morro de amor para poder morrer contigo.
EMRIQI
(weberleao@yahoo.com.br)
|