MORDENDO A ESPÁDUA
É preciso ter caráter muito vil! De novo a dissimulação? Queria que fosse ao menos ciumento, ser desdenhoso, que se fosse útil, perceberia. Há momentos em que tenho vontade de gritar: a franqueza me faz amante!
Ofereci-me a esses lábios... Não se trata de dissimular, pessoa estranha, mas de sentimentos. É um tato que falta a você, por isso nada percebe. De pulsos cerrados, olhares desencontrados! Idéias venenosas sempre atravessam o seu espírito, e despertam o menino amedrontado, a menina torturada. Amantes também podem mentir, mas, sem nenhum gesto, nenhuma palavra, como se mentissem insensivelmente. Jamais carícia alguma será suspeita, saiba que a sinto deslizar pela garganta, sem qualquer entrave, desce como água da fonte, mistura suave que a muitos tortura, mas é contato que me faz brotar.
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