OLÍMPIA LOUCA, FILHA DO LOUCO
Amy Higgins
Olímpia louca, tétrica, calada.
Imaculada , linda, inculta, vagabunda.
Eis a marafona de outras vidas,
Nesta singela cela sazonal.
Aqui se vem, daqui se vai.
Para o bem do deus sacrificial.
Aqui neste inferno de Dante,
Cidade de Orks, malogro constante,
Aqui neste fim de mundo
Perdido na Terra,
Lugar nenhum onde moro,
Castigo infamante.
Eis a louca filha do Louco,
Senhora das trilhas do vácuo e além,
Rainha de Copas vazias, e de Espadas
Lavadas com sangue de “eus” mortos.
Aos mortos felizes dou vivas e amém.
Ah, sim! Sou estranha, caranguejo, aranha,
Escorpião, leoa.
Sou filha da Lua, da prata, e do vento,
Desci do firmamento e caí no inferno.
Dia virá em que renascerei no eterno,
E não mais virei para este mundo.
Por esse momento é que aspiro
Cada milésimo de segundo.
Tribunal de incorruptíveis irá me julgar,
No vertiginoso dia em que eu voltar
Para o além do além do além de tudo que há.
Espero nos braços do Louco,
Meu pai, e de minha mãe, Perséfone,
Pela vida da vida na vida do girassol.
Sou a carruagem do Mago,
Rumo ao fundo do vago lugar de onde vim.
Lá estarei entre amigos,
Saudosos desencarnados
Que esperam por mim.
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