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Contos-->DIARIO DE BORDO CAP. VIII -- 12/01/2009 - 11:37 (Mirian de Sales Oliveira da Rocha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Ofereço-me para fazer a salada de lagosta; saio da cozinha com uma unha danificada, mas, espero que não o meu orgulho; Será que não carreguei demais no vinagre?E se aquela seleta alemã de legumes já estiver muito condimentada, comprometendo o sabor suave da lagosta?Cozinheira amadora,estou sempre de pé atrás com minhas obras gastronômicas.

O cair da tarde é à hora mais triste no mar. Quase nada para fazer, principalmente com chuva; o capitão recolhido na sua cabine, a tripulação descansando e eu que não trouxe nada para ler, fico no camarote olhando o nada. Já adiantamos mais uma hora e amanhã á noite mais outra.Cruzaremos o Equador em plena madrugada,5:50hs;o cap. que adora mexer comigo diz que é para eu ficar olhando bem firme e verei a linha do Equador;Dizem que mesmo com o sol a pino ou com lua não se vê sombras;Também não há pecados ao sul do Equador.

A salada de lagosta foi um sucesso; todos comeram com gosto; Estou imprimindo o “meu jeito baiano de ser, aos poucos neste navio; a comida já está mais “quente” e colorida; Abaixo a água de pé quente do cozinheiro filipino. Viva a república do chá! Não é que me sinto bem melhor e minha pele está mais fina e macia?

Não sei se ainda chove; há quase quatro horas que não vejo o mar. René diz que vai mandar encher a piscina; pergunta-me se sei nadar; eu lhe respondo: pra quê?Então não há cá navios?


TERCEIRO DIA À BORDO: QUARTA_FEIRA, 13/4/94

Exatamente ás 5.50, passamos sob o Equador; acho que não verei mais o Cruzeiro do Sul; eu o procurava no céu todas as noites. Não acordei para ver a passagem;perdi a oportunidade de me batizar.Temos mais dois dias de navegação em alto mar até vislumbrarmos as montanhas de Cabo Verde;passaremos á cerca de 5 milhas da costa,única terra perto de nós nesta imensidão toda.
O sol está querendo aparecer; a ordem para encher a piscina já foi dada. Navegamos em um mar de almirante,com ventos brandos.
Levantei-me ás 9,30 e subi para a sala de comando, para mim ,o lugar mais interessante do navio; ampla, clara, arejada com uma visão periférica de todo o oceano. José Ray, o oficial do dia, me pede para escrever uma carta, em inglês, pedindo autorização para a namorada dele embarcar, Por que não?O amor é lindo!
Desde cedo estamos em águas internacionais. Nossa chegada á Las Palmas vai atrasar um bocada devida ás ordens recebidas;de novo diminuir a velocidade,desta vez porque há muitas embarcações no porto;o atraso evitará a demora nas operações de carga e descarga o que onera os custos;Armadores não gostam de perder dinheiro.

Quase não há o que se fazer no navio e se faz tanta coisa!Leio, escrevo,passeio, vou até o convés, ao parque dos containeres, vou até a popa, olhar a esteira de espumas; Na proa, sozinha naquela imensidão sem fim, nenhum barco por perto, só céu e mar... há um momento de comunhão com a natureza,a gente “fala com Deus! A harmonia,a tranqüilidade,a paz que vem de fora para dentro e que nos envolve,muda nossos conceitos e de repente se percebe a inutilidade das preocupações tolas,a brevidade da vida,a tolice que é a luta pelo ‘ter”,a corrida de ratos para ver quem chega primeiro,quem tem o carro mais caro ou quem é mais craque em passar a perna no outro e chegar ao topo;mas,ao topo de quê ?O mar me pergunta e eu não sei responder; por que sempre me preocupei com o ...ser.
Logo vem o chamado para o almoço; a eterna sopa de peixe, com aspecto de comida de hospital, mas, eu tomo sem reclamar; o aspecto não era convidativo, mas o sabor era bom. Turista tem estômago de avestruz, tem que comer de tudo e achar bom porque viajar é desarmar-se, esquecer comodidades em troca de conhecimento: ver, gravar, aprender, compreender, aceitar, Tomo a sopa, bebo o chazinho que já estou acostumada e chupo uma talhada de melancia; não sinto fome; Depois, um passeio á proa para “fazer o quilo” e jogar umas flores para Yemanjá.
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