DUQUESA
Duquesa, incendiastes meus passos
fostes raios, matastes a flor da alma
e fizestes de mim a tua inquisição
na alcova de luas descompensadas,
tu e apenas tu...
Incendiou-me o amanhecer,
rubras chamas do sol, onde teus olhos
me pôs refém, indiferentes ao firmamento,
incineraram auroras nas asas do tormento.
Amanheço-me partido,
há deuses nesse fogo,
em cinzas e em bronze derretido.
Com minhas asas ardidas, cor de brasa,
levanto vôo, nesse manto de turquesa
cintila minha alma em chagas...
Ruminei meus sonhos,
me afundei no teu olhar de flagelo
no amanhecer de um dia incendiado.
E porque viestes? Parabéns!
Nessa paisagem, desejos devorados.
Às nove da manhã, espelhos incinerados,
sentimentos calcinados...
Silencio!
Tremulam carnes atiçadas,
como estrelas naufragadas
em mares que lhe servem de mortalhas.
São as noites de luas ressuscitadas!
No teu rosto uns olhos d àgua
ensombrando nuvens branquinhas
me afogando nas tuas lágrimas...
Fiz dos momentos
minhas penitencias,
serias tu o meu calvário?
Ai, dizes que não!
Projetei dessa paixão o inexorável,
escrevi poemas do amor e de memórias,
ainda que te fossem versos desbotados!
No entanto, me enviastes de Troia,
onde o breu tocaia os desvalidos,
um coração vil como rara joia,
cavalgando no dorso dos martírios!
Vês? Ingrata!
O sentimento é cego
e mesmo das luas inteiras aos teus pés
o meu azul continua singelo!
Duquesa, por ti e em teu seio,
auscutai o bater dos sinos
e me manda a última flor dos martírios!
Mas, lembrai... Lembrai muito
da suavidade dos meus lírios!
Nhca
fev/00 |