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cronicas-->CRÓNICA NOSTÁLGICA -- 06/10/2005 - 00:45 (Maria Jose Zanini Tauil) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Entenda bem o meu ponto de vista. É duro ser mulher. Aos vinte, a pele com
o frescor das pétalas de rosas, a cabeça cheia de sonhos... e de
vento!

Quando atingimos o equilíbrio, a maturidade sexual, a plenitude do
discernimento, já se tem quarenta. Não aproveitamos nada...e lá
vêm os cinquenta! E como fugir dos cabelos que teimam em ficar
brancos, do uso de óculos para ler, dos quilinhos extras... do
cansaço?

Queríamos ser amadas pelo nosso conteúdo e sentimentos, no entanto,
nos vemos envolvidas numa guerra de salões de cabeleireiros, nas tinturas,
nos cremes, hidratantes, esfoliantes, manicure, pedicure...
Um horror mulher de pés maltratados, você não acha? Cabelos, nem
se fala!

E o que dizer da nossa guerra à balança? A consciência pesada ao
se empanturrar de doces e dizer: " Na segunda, recomeço o
regime"! E lá vamos nós: Nos "despencamos" nas
caminhadas, na hidroginástica, na drenagem linfática.
Sem entregar os pontos, submetemo-nos ao tratamento ortomolecular, à
vitamina E e ao fatal hormónio para aliviar os incómodos da menopausa
próxima.

Às vezes, dá um desànimo! Dá vontade de jogar tudo para o
alto, usar jeans e camisetas largas, abolir de vez o sutiã, usar daquelas
sandalinhas que compro para minha mãe... meus pés sorririam de
felicidade!
Assumiria a deficiência visual e, com ela, o uso constante dos
óculos, deixaria o rosto limpo, sem maquiagem do tipo tapa - buracos,
usaria os cabelos em coque, como uma vovó...

Caramba! Eu ia esquecendo! Eu sou uma avó! Seria melhor ficar em casa,
cuidar dos netos, aturar rabugice de marido senil, ingratidão de filho,
deixar os cabelos embranquecerem naturalmente, cochilar na cadeira de
balanço depois do almoço...Quem sabe assim, seria amada como sou,
pelo meu conteúdo culinário, meus pensamentos pessimistas, meu
tricó ou meu croché!...

Já ouvi em algum lugar, que as coisas acontecem erradas. Se não me
engano, foi o Chico Anísio quem disse que deveríamos nascer bem
velhinhos
e morrer ao voltar ao útero materno. Talvez ele tenha razão...
Afinal, é uma curtição limpar bumbum de bebê... mas quem
gosta de limpar bumbum de ancião?

Essa nostalgia me invade porque não vi a vida passar.Acho que passei
trinta anos dormindo!

Aí, lembro daquele poema da Cecília Meireles, AUTO- RETRATO:
"Eu nem dei por essa mudança... Em que espelho ficou perdida a minha
face?"
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