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cronicas-->ANTES DA DECISÃO -- 05/01/2000 - 16:49 (Pseudo-Nelson Rodrigues) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ATLÉTICO MG X CORINTHIANS, 1º JOGO DA DECISÃO DO CAMPEONATO BRASILEIRO DE 1999, DIA 12 DE DEZEMBRO

Faltam três horas e meia para o "ponta pé inicial", como diriam os narradores. A cada vez que me recordo que o "Corinthians" entrará em campo uma dose milimétrica de adrenalina é injetada em minha corrente sanguínea. Só a quantidade exata para provocar aquele calafrio, aquela sensação de mínima perdição, de mínimo desorientamento. Pensar que hoje será o primeiro jogo da decisão é como pensar que hoje é o dia d A Guerra, o dia da batalha na qual eu tomarei parte, e logo nas primeiras fileiras, aquela em que se vê o branco dos olhos do inimigo, que vê ali - nas pupilas do inimigo - o desejo da morte, ou o pavor terrificante.

Não posso dizer que tenho certeza que meu time ganhará. Ninguém pode, nem mesmo o velho Tirésias conseguiria. É essa incerteza que me levará - daqui a três horas e vinte e oito minutos - à tela da TV, essa arquibancada privilegiada. Incerteza, desorietamento; não se sabe o que acontecerá. É angustiante saber que em quinze, vinte, ou trinta e dois segundos e meio, toda a perfeição do campeonato corinthiano pode ser jogado fora. Uma fatalidade, um chute mascado, fraco e sem direção, mas desviado na canela fatal de um zagueiro qualquer que carrega consigo alguma maldição ancestral pode colocar por terra a vida de umas 10 ou 20 milhões pessoas (uma canela pior que desvario hitrlerista!)

Por outro lado, esse jogo fora de casa, no campo do inimigo, pode ser uma vantagem para nós. Um empate não seria um resultado de todo desprezível. Nietzsche poderia ser contra o empate, talvez ele aconselhasse a afirmação da potência, da potência corinthiana. Ele talvez poderia ver no desejo do empate uma manifestação da moral dos fracos. Nietzsche talvez, o bom e velho Oswaldo não. O enigmático, o lacónico, o Oswaldo, discípulo do aristotelismo futebolístico luxemburguiano tem outro pensamento. Nós temos a vantagem e devemos jogar com ela.

Mas já pesei na possibilidade do placar clássico: o bom um à zero. Imaginem um gol, apenas um mísero e chorado gol! Ele seria capaz de calar os anunciados noventa mil expectadores. Era tudo que eu queria. Apenas um, um único. Nem zero, nem dois, mas apenas um. Pode ser de bola parada, um frango do goleiro, um gol contra. Pode até ser o fruto do único ataque, do único chute que meu time eventualmente venha a fazer. Mas o importante é que ele seja, que apareça: que ele afirme seu ser: o gol.

Todos esses pensamentos, os otimistas, os pessimistas e os céticos são frutos desse sentimento de desorientação, da angústia da espera - esses instantes que antecedem a batalha, quando os inimigos estudam suas possibilidades, quando calculam suas baixas. Mas tudo pode dar errado. De uma hora para outra pode surgir uma tempestade de areia que desfaça os plano. Ou, o que mais comum nessa guerra, que surja dentre a massa o Gênio, ou o Herói. Só que isso é imprevisível, algo da competência do destino, ou do acaso. E nada podemos fazer, nem sequer imaginar.

Faltam três horas e dez minutos.
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