IGARAPÉS
(MIGUEL DE SOUZA)
Água dos igarapés sujas
Brancas, limpas, antes, eram
Tua frieza benfazeja, que
Meus olhos, hoje, não veneram.
Podres águas dos igarapés
Antes, cristalinas
Onde molhavámos os pés
Hoje, pútrida visão de retinas.
Dos igarapés, fétidas águas
Ontem límpidas, claras
Em que não tínhamos mágoas
Daquela imagem, hoje, rara.
DE: MIGUEL DE SOUZA
Do livro: A QUINTA ESTAÇÃO.
Pág. 171 - Antologia do CLAM- Valer editora
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Nota da autora_ No Programa "Momento poético" tinha um espaço: DIVULGANDO OS POETAS DA TERRA.
Muitos foram os que nos procuraram, entre eles, um fiel, Miguel de Souza. Tímido, chegava na rádio antes das 17h. Hora em que eu chegava para apresentar o programa às 18h. Um dia abri o microfone ao Miguel para que ele falasse alguma coisa, ele simplesmente emudeceu. Fora do ar disse ao Miguel que falar era fácil. Uma técnica apenas. A sós você amarra um fio no alto e vai puxando este fio e a cada puxada você fala bem alto uma palavra qualquer. Conta de 3 a 1 e vai, o medo passa, as coisas são superficiais, tudo tem técnica. Acredito que o poeta deva defender seu trabalho. Hoje vejo Miguel declamando firme, sem papel. O nosso tempo passou, ele é jovem tem espaço pra assumir. Manaus, 23.01.2010 (Ana Zélia) |