Devo estar ficando velho...
Tudo que vejo à minha volta é tão sem nome ainda...
É como se uma saudade milimétrica
Viesse sempre me fazer compania
Jogar areia nos meus olhos....
Se não é sintoma de velhice,
o que então está espinhando?
Meus amores já estão todos inacabadosTudo a minha volta já começa
a parecer, de tão novo, tão sem nome...
E os objetos e as pessoas...
Já permanecem tão crianças...
É como se uma saudade
quisesse se impor, acertar contas
Viesse sempre fazer cócegas,
companhia em horas mais que impróprias,
Jogar areia nos meus olhos...
Se não é então velhice,
o que seria esse sintoma?
Esse corpo pesado, insuportável
peso de coisas inacabadas
amores, frases que ninguém disse
presas na garganta como brinquedos
danificados no canto
como lúdicas ilusões sem cor
folhas que o vento ao longe lançou...
Devo estar de cabelos brancos
Não reconheço essas sombras
assustadas no espelho a dizerem
que as musas ainda bailam...
embora sei que eu não mereça...
Respeitem esses versos rabiscados
no papel amarelo do pão de cada ontem....
Devo estar ficando velho...
Tudo que vejo à minha volta
já se comporta e se projeta tão sem nome...
como brinquedos quebrados no canto
como lúdicas ilusões sem cor
ou folhas que o vento lançou pra longe...
Devo estar de cabelos brancos
Como não vejo essa sombra assustada no espelho?
Não me olhem assim,
Não me digam minhas musas ainda bailam
Respeitem esses versos rabiscados
no papel amarelo do pão de cada ontem....
Devo estar ficando velho...
Tudo que vejo à minha volta é tão sem nome...
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