Usina de Letras
Usina de Letras
61 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62243 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22538)

Discursos (3239)

Ensaios - (10372)

Erótico (13571)

Frases (50641)

Humor (20033)

Infantil (5441)

Infanto Juvenil (4770)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140812)

Redação (3308)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6199)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Fernandinha empadão -- 22/02/2009 - 13:29 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Gabrielzinho-boca-de-porco vivia no meio dum pandemônio que nem mesmo sua mãe Anartrite conseguia se adaptar. Há muito tempo o mancebo retardado, tentava manter a ordem no barraco em que moravam.
Tinha de tudo naquela pocilga: ratos, baratas, pulgas, gatos, cães e muita sujeita. Desde que Gabrielzinho se juntara com um “projeto de margarida”, não encontrava mais vontade para sair do mocó em que se enfurnara.
Gabrielzinho-boca-de-porco achava que conseguiria prover, com lero-lero, o sustento daquela criançada toda, que vegetava ao seu redor. Mas só o tempo diria se o sistema por ele escolhido garantiria mesmo conduzir aquelas almas puras pelos caminhos cristãos.
Alguns vizinhos ouviam quando o boquinha de suíno, tentando abafar os latidos do cachorro, que se manifestava por medo e maus tratos, aplicava-lhe pancadas e cutucões. Gabrielzinho-boca-de-porco não era fácil, não era gente de fino trato, e nem pessoa de bons modos.
Quem é que dissera ao mau caráter ter ele poder para controlar os acontecimentos no quarteirão em que vivia? Quem ratificava a autoridade, com a qual o chupa-cabras impunha sua vontade?
Na verdade Gabrielzinho só se sentiu seguro do que fazia depois de, numa certa noite, em que se vira sozinho com Fernandinha, comer-lhe o empadão que ela lhe ofertava. A reunião festiva fora gratificante. Havia muita gente na casa. O pessoal começara a chegar logo ao anoitecer e um pouco antes do Jornal Nacional, já havia a formação do maior banzé.
Os brindes, as cantorias, as conversas, as músicas e os achegos se misturavam até as quatro horas da manhã quando arrefeceu. Pois foi nesse momento em que Gabrielzinho-boca-de-porco e Fernandinha notaram se a sós na sala.
Não havia motivos para constrangimentos, nem razões para disfarçar a atração que um sentia pelo outro. Simplesmente deixaram que a coisa fluísse. E foi assim que antes mesmo que chegasse Lucio, o atual titular do coração da manceba, que fora levar uma festeira para casa, viram-se ambos dando vazão à paixão que lhes perturbava as almas.
Então durante o silêncio que se formou, logo após a satisfação dos clamores da carne, Fernandinha tirou da geladeira dois empadões recheados com carne de frango. Aquecendo-os no forno microondas, serviu ao parceiro que logo pensou em arquivar aquela mulher na categoria Amada Amante.
Quando Lúcio apareceu fazendo barulho com o seu automóvel, os enamorados conversavam em paz na sala. Quem poderia afirmar que momentos antes murmuravam palavras impelidas por tanta luxúria?
Mais desconfortável do que a chegada do Lúcio naquele momento, só mesmo o aporte constante da cunhada balofa, a todo instante, numa pegajosa aderência.
Mas Gabrielzinho era tinhoso. Quando ele encasquetava com alguma coisa, meu amigo, ele não sossegava enquanto não satisfizesse os instintos primatas.
Quando Lúcio entrou desviando das mesas, cadeiras, copos, garrafas, restos de churrasco, e doces espalhados pelo chão, viu o vizinho despedindo-se da Fernandinha. Lúcio não soube o que significava aquele olhar, eles trocaram, quando Gabrielzinho se despediu.
Gabrielzinho sentiu-se tão bem, quando saiu do corredor para a rua, que pensou até em contar aquela história para alguém que pudesse escrevê-la e publicar na Internet.
Então caminhando em direção à sua casa, que ficava na vizinhança e, ao cruzar com um homem alto, um tanto gordo e com barba serrada pensou em perguntar-lhe: “É escritor?”.
O entusiasmo de Gabrielzinho era incontrolável, ele não sabia se dormiria ainda naquele resto de madrugada. Se tivesse um telefone falaria durante horas gabando-se da sua conquista.
Foi assim que o empadão da Fernandinha ficou conhecido no bairro.



Leia ainda do mesmo autor aqui na usina:

MM O Movimento Marrom

Cefaléia

Amor de Carnaval.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui