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Poesias-->SIMPLESMENTE PALAVRA. -- 11/03/2010 - 18:04 (Ana Zélia da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SIMPLESMENTE PALAVRA.



Por MARLUCI RIBEIRO DE OLIVEIRA (Ana Zélia)



Palavras bóiam. Flutuam em meio ao mar revolto.

Ondas refugam.

Atiram-nas contra as pedras.

Afundam-se algumas, mas novamente vêm à tona.



Ressurgem dos infernos abissais

E buscam um bote.

Desprendem-se da âncora.

Buscam o cais.

Desistem do porto.

Avançam de novo.

Refluem.



Palavras dão braçadas, enfrentam correntezas.

Perdem o fôlego.

Sobem ao pódio.

Conquistam medalhas.



Disputam peixes com as gaivotas,

Inundam recifes.



Palavras são como migalhas,

Plânctons,

Microorganismos vivos.



Transportam ódio.

Navegam em silêncio.

Mas apitam ao longe.



Divisam o farol.

Escondem-se nas brumas.

Nas espumas.



Enterram-se na areia,

Debatem-se na costa,

Extenuam-se e voltam.



Palavras são o mar bravio,

Que sustém o navio,

Mas o tragam para o rio.



Palavras são palavras,

Ao sabor do vento

Ao içar das velas

São caravelas e são submarinos.

Enfrentam guerras e desvarios.



Palavras são torrentes,

Tormentas,

Correntes,

Plagas.



Vencem tornados,

Redemoinhos, "Pragas".



Infinitas e perenes

São o fim _ o início _ e o "Meio".

Para onde todos nadam.

E nada as detém.



Palavras são pororocas

Cachoeiras. Cascatas.

Caem em queda livre.

Jorram.



Palavras morrem.

Emudecem. Renascem.

Servem a vários senhores.

Desmerecem.



São veneno, cosmético e remédio.

Salvam e aprisionam.



Benditas palavras que me trouxeram até aqui.



Malditas palavras

Que me levam para onde

Não consigo ir.



E não desistem do trajeto.

Palavra-arte. Objeto

Abjeto.



Por favor, me permitam o descanso.

O remanso

Sem repuxo.



Quero livrar-me delas, por um instante.

Esquecê-las. Enterrá-las

no fundo de mares distantes.

Sem mapas, astrolábios,

bússolas ou sonares.



Quero deixar de ter o Verbo

para ser somente uma molécula

solitária de água.

Uma gota. (Menos que isso)

E assim, quase indivisível,

Invisível

E inodora,

Tentar não ser tão disputada,

cobiçada,

pedida.

Parar de saciar a sede dos outros.

De beber.

De sorvê-las aos goles sôfregos.



Basta ser umidade.

Superfície molhada.

Mera sensação de frescor.

Confundir-me no oceano.

Desprezada e útil.

Não quero ser como as palavras.

Como a água.

Tão necessária

E exigida.

Ser apenas fonte de vida

E caminho,

Sem astrolábio.

Ficar presa nos lábios.

Trancada na garganta.

Enredada pelo pescador.



Mas me espraio,

No refluxo

Sem nexo.

Fujo.

Escorro por entre os dedos,

Os dentes,

Os fios da rede.

E retorno para o leito.

Para minha cabeceira.

Meus afluentes.

Vivo sob trombas d’água.

Que de longe se escutam.

Não há jeito.

“Navegar é preciso”.



E a enxurrada me leva.

A correnteza me conduz.

Sou torrente de palavras.

Sinto água na boca.

Escorro como onda louca.

Em direção ao nada.

Minhas braçadas

Me inundam e

Me confundem.

Não desejo aportar.

Tudo suporto.



Porque só as palavras superam a morte

E ecoam pela brisa da noite,

Onde ninguém as vê.

Sou o eco e o maremoto.

Sou a lava. A água.



Sou simplesmente pa-lavra.



Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Composta em 08/03/2002

Manaus-AM, Curso de Locução para Rádio e Televisão, Fundação Rede Amazônica, afiliada da TV Globo.

Durante o curso resolvemos fazer um álbum de poesias. Fizemos um caderno com papel madeira e solicitamos aos colegas que nos levassem os poemas e depois colamos nas folhas e assim todos puderam ler e analisar o trabalho poético.

Ainda tenho o nosso livro mural e com orgulho passo a todos o poema de Marluci, é um deleite à alma. Manaus, 11 de março de 2010. Ana Zélia



















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