Se eu pudesse ser só essa casca. Ah! Se eu pudesse...
Não conter fluido algum que me dilacerasse
A alma, como dilaceram o egoísmo e o interesse
E eu fosse apenas esse invólucro: membros, abdômen e face.
Por certo eu amaria amplamente, sem pressa
E deixaria a casca roer-se, se a chaga se ampliasse
E Eu não sofreria mal algum e, indefessa,
Prosseguiria na minha ruína de prazeres, sem impasse.
No entanto, ó maldição, meu cérebro não esquece
A aura que me recobre e expia cada delito
E é por ela somente que resisto a esse
Clamor infindo que invade meu peito contrito
Fazendo com que eu arda inteira,
Firmando esse Elo que existe, por mais que eu não queira...
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