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Poesias-->HIJOS -- 23/03/2010 - 06:45 (Marluci Ribeiro de Oliveira) |
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Filhos?
Orgulho desdobrado.
Continuidade nossa
Que caminha
Pelas próprias pernas.
(E tem voz).
Exemplo do nosso exemplo
Que se espalha.
Parentesco excelso
Que nos espelha.
Reflexo e reflexão.
Herdeiros?
Muito mais que tal!
Tal qual!
Quem de nós?
Um pouco de cada qual!
Qual nada!
Discípulos? Asseclas?
Correligionários?
Amigos extraordinários.
Embriões viventes
Que nem sempre fecundamos
Mas amamos loucamente.
Sobreviventes,
Nos tocam com seus risos
Banguelas ou cheios de dentes.
Babam em nós. Regurgitam.
E por eles babamos.
Vivem por nós. Sem nós.
Apesar de nós.
São tão nossos
Como o ar que respiramos
E deixamos escapar
Pelas narinas.
Enchem nossa vida de vida
E nos esvaziam depois.
Insuflam nossa alma,
Sufocantes,
Roubando suspiros.
Mas o tempo se expira.
E o estertor final
Prescinde aparelhos.
Filhos? Fedelhos?
Eternos aprendizes
Sabidos. Sabichões.
Ditam lições.
Cospem sabedoria.
São frutos, são flores, raízes.
Tolhem nossa liberdade.
Liberam nosso espírito.
Desprendem-nos de nosso egoísmo.
Sugam tudo.
Depois voam, migram,
Produzem seus próprios
Pássaros, ariscos,
Se enclausuram no ninho
E chocam, chocados,
Seus passarinhos.
Descobrem-se errados,
Inseguros, imprecisos.
Ti-tu-bei-am.
Vacilam.
Mas continuamos a amar
Nossas aves.
E as avezinhas delas.
Nos desdobramos em desvelo.
Mesmo sem às vezes merecê-lo,
Cada filho é uma linha contínua
Que alinhava para frente
A tessitura de uma história que termina.
Menino? Menina?
Que importa?
Pensa? Chora? Vê? Grita?
Sorri. Atormenta. Nina.
Pressente no ar nossa presença.
Se ressente da indiferença...
São seres sensitivos,
Sensíveis.
Mantêm freqüência
Idêntica
À nossa onda.
Mas navegam,
Teimosamente,
Em outras águas
Mergulhando de cabeça
Em próprias experiências.
Afundam. Submergem.
Mas se nos chegam encharcados,
Com lágrimas nos olhos,
Acolhemos, resignados.
Perdoamos muito. Quase sempre.
Abonamos seus pecados.
Reconhecemos neles
Quão somos pecadores!
Filhos? Companheiros?
Aqueles a quem legamos nosso sangue,
Expectantes por amores,
Mas certos apenas dos dissabores...
P.S.: Apesar do desfecho um tanto pessimista, nossos rebentos são a prova da divindade que habita em nós! |
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