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Contos-->Intestinos Não Mentem -- 11/04/2001 - 00:21 (Bruno Rodrigo Cunha Rodrigues) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O quarto onde estou é escuro. Tudo o que vejo são vultos dos ratos e baratas, meus companheiros que me fazem cócegas quando durmo. Minha fome cessou ao terceiro dia, mas meus lábios ainda estão secos e ardem muito.
Tenho medo da morte agora. Tudo aqui é podridão. Às vezes o homem obeso aparece para deixar comida, mas tudo que sinto é o cheiro horrível que sai de sua boca, seu intestino deve estar podre. A comida tem cheiro de vômito e o ratos rapidamente acabam com tudo.
As horas não tem mais sentido para mim, este quarto será meu túmulo. A lucidez agora é uma questão discutível: será que esse mal estar é real? Toda a minha energia sai neste momento de meu ventre, e pela primeira vez vejo raios de luz que cegam-me levemente. O homem obeso fica a me observar surpreso. O crime que ele cometeu me fez sofrer até agora. Meu nariz perdeu toda a sensibilidade quando a luz preencheu o aposento fétido. O alívio é indescritível.
Agora ele está só... Este homem carregará seu peso por muito tempo até encontrar alguém para prender novamente neste quarto escuro.
Ouço seu choro num futuro ainda distante.
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