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Cronicas-->FEBEAPÁ TRANSGÊNICO -- 19/11/2000 - 18:58 (Paccelli José Maracci Zahler) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
FEBEAPÁ TRANSGÊNICO


Paccelli M. Zahler

Nos últimos 25 anos, começaram a surgir organizações não governamentais dedicadas à proteção ambiental e à preservação de espécies selvagens ameaçadas de extinção. Tais organizações obtiveram sucesso na proteção às baleias, focas, elefantes, despertando a consciência da humanidade para o futuro do planeta, cujo ponto culminante foi a ECO-92.
No mesmo período, as técnicas de engenharia genética foram aperfeiçoadas, tornando possível o desenvolvimento de organismos geneticamente modificados, também conhecidos como organismos transgênicos, dentre eles batata com resistência a viroses, soja com gene de resistência ao herbicida glifosate, variedades de milho com gene da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), que lhes confere resistência a insetos, sem falar na clonagem da ovelha Dolly.
Com esse avanço, surgiu a preocupação com a segurança biológica (biossegurança) dos organismos transgênicos quando liberados no ambiente ou utilizados para consumo humano e animal, e muitos estudos foram feitos nesse sentido nos países desenvolvidos.
Em 1995, tendo sido aprovada a Lei de Biossegurança pelo Congresso Nacional, foi estabelecida, no ano seguinte, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio, ligada à Secretaria Executiva do Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT, com o objetivo de manifestar-se tecnicamente sobre a produção, a liberação e o uso dos organismos geneticamente modificados no país. Essa Comissão é formada por especialistas de notório saber, representantes de ministérios, órgãos de defesa do consumidor, saúde do trabalhador e de empresas do setor de biotecnologia, espelhando o pensamento da sociedade brasileira.
Em outubro de 1997, a CTNBio julgou um pedido da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais - ABIOVE para importação de 1.550 mil toneladas de grãos de soja norte-americana, das quais cerca de 10 a 15 % poderia ser constituída de grãos transgênicos resistentes ao herbicida glifosate.
Após analisar extensa bibliografia, a CTNBio manifestou-se favorável ao pleito, uma vez que a soja transgênica em questão é considerada substancialmente equivalente à soja comum e tem "sua segurança alimentar comprovada para uso humano e animal na Argentina, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos, México, Japão e Reino Unido". Além do mais, o uso proposto seria o esmagamento para produção de óleo e farelo em sistema de "drawback".
Pois bem, antes da chegada do primeiro navio, um conhecido jornalista publicava um artigo na conceituada GAZETA MERCANTIL com as seguintes perguntas: "Você sabe o que come? Se soubesse, compraria, por exemplo, óleo de cozinha produzido com grãos geneticamente modificados para resistir ao pesticida mais potente? Sabe se ele pode causar algum dano ao organismo humano?"
Na realidade, somente uma percentagem da soja trazida é resistente a um herbicida, produto utilizado no controle de ervas daninhas.
Quando o navio "Sanko Robust" chegou ao Porto de São Francisco do Sul, SC, com 34 mil toneladas de soja norte-americana, foi invadido por ativistas do GREENPEACE, que nele colocaram uma faixa dizendo: "Frankensoja: não engula essa!"
Segundo um dos ativistas, "os fabricantes incluíram nas sementes dessa soja genes resistentes ao herbicida Roundup. Com isso, o agricultor pode aplicar o herbicida com menos riscos para as plantas de soja. Isso nunca foi testado em seres humanos, podendo provocar reações alérgicas e càncer" (JORNAL DO COMÉRCIO, 15/12/97; CORREIO BRAZILIENSE, 16/12/97). Ainda, segundo ele, a importação da soja frankenstein ou frankensoja "teria sido autorizada sem qualquer informação ou consulta à opinião pública", como se a CTNBio não fosse representativa da sociedade brasileira nem competente para analisar o pedido.
Se fosse permitido o plantio da soja transgênica resistente ao herbicida glifosate, o agricultor poderia controlar as ervas daninhas em qualquer momento do ciclo da cultura e quando fosse necessário, mas, se a soja atingir um tamanho que permita o sombreamento do solo, a aplicação do produto não se fará necessária. Com a soja comum, ao contrário, há necessidade de aplicação de herbicida antes da semeadura pois, se aplicado depois, corre-se o risco de destruir a lavoura.
Tecnicamente, o que se espera com os vegetais transgênicos é uma redução no uso de agrotóxicos.
Como a soja transgênica é substancialmente equivalente à soja comum, até o presente momento não foi verificado nenhum problema tanto para a saúde humana como animal nos sete países em que é consumida.
Diante desse quadro verifica-se que ou está faltando informação ou não se faz mais ambientalistas como antigamente; ou ainda, pode ser a volta do FEBEAPÁ (FESTIVAL DE BESTEIRA QUE ASSOLA O PAíS) compilado pelo saudoso Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto) no final da década de 60.

(Crónica escrita no final de 1997 e ganhadora da Medalha de Prata no X Concurso Nacional de Cronicas 1998, promovida pelo Clube Literário Brasília)
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