Quando murmuras ao meu ouvido,
palavras de carinho incontido,
quando, com mãos trêmulas,
envolves-me em carícias,
o fulgor do teu olhar,
faz-me enxergar
um calor incandescente,
fluindo de seu interior flamejante,
que faz brotar pujante,
o amor escaldante
que em seu espírito viceja.
Sinto em mim,
o voejar da volúpia a vir
como um tufão a tinir,
derribando os muros protetores
dos imorais conceitos morais
que se pretendem salvadores.
Meu corpo a levitar,
exala o perfume inebriante
do desejo a crepitar.
Nós dois, desvairados,
a felinos no coito, comparados,
emitimos som lancinante
de prazer gritante.
Mãos que se afagam e se açoitam,
lábios que se beijam, mordem, balbuciam,
que frenéticos, sussurram, murmuram e gritam,
em incontroláveis espasmos orgásticos.
Finalmente, após o tufão, a calmaria,
os olhos, antes flamejantes,
agora fitam o infinito em letargia,
os corpos exauridos repousam,
os espíritos adormecem,
o ato se completou
e o amor se realizou.
A lua, extasiada, espia a magia,
e, as estrelas embevecidas,
atestam, convencidas,
o mais belo dos atos,
o amor em fatos.