Já acordo apressado, no fim da tarde. Não sobram mais que 10 minutos para me arrumar. Cabelo um pouco desalinhado, olhos cansados de sono: encaro minha imagem incomum ao espelho do elevador, enquanto a dor atravessa em rangidos, em sarcoma!
O rútilo; o Sol sumindo. Apresso-me, mais, procuro por um sinal da parada de ónibus que estou tão habituado a não usar. Me perco ali, entre pessoas mais paradas que o próprio lugar. Jeito cansado de quem perdeu o dia ganhando o pão-do-dia...
Uma moça me cutuca. Pede fichas, pede pressa - a pressa ainda mais apressada que a minha - pergunto se o pai está na forca, responde que não só o pai, como a família toda. Me preocupo. Não entendo a brincadeira, da menina, puxada pela minha própria brincadeira. Sorri da minha seriedade... Acho que a forca agora serviria bem para a vergonha que passei. Volta com as fichas que sobraram; Pergunta onde vivia, em qual mundo.
« Não vivia, só descobri a vida agora que não me resta mais... ». Penso, mas não respondo. Contento-me em soltar um "por quê"? "Nada, só te achei muito velho pra ser tão ingênuo".
Será que existia idade pra perder? Fico na parada. Perguntando quantos anos perdi esperando...
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