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Contos-->Baltazar -- 13/03/2009 - 13:56 (Antonio Accacio Talli) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
BALTAZAR
Antonio Accacio Talli

No meu tempo de faculdade, os dois primeiros anos eram dedicados principalmente ao estudo de anatomia. Sendo uma das matérias mais importantes do curso médico, os professores exigiam o máximo nos estudos, tanto na teoria quanto na prática.

As peças (cabeças, pernas, braços e órgãos) eram conservadas em enormes tanques de formol. Era comum e freqüente levá-las para a pensão onde morávamos, embrulhadas em jornal, com a aquiescência do bedel, funcionário responsável pelo anatômico, isso após uma boa propina.

Na semana anterior à prova final, levamos para a pensão uma cabeça completa. Era de um marginal, sem identidade, assassinado no morro. Ele deveria ter uns 30 anos, mulato, olhos, cabelos e bigode pretos, bem tratados. O que chamava a atenção era a sua semelhança com um grande centroavante do E.C. Corinthians Paulista, Baltazar, “o cabecinha de ouro”. Parecia seu sósia.

Naquela noite, após estudarmos até as 22 horas, eu e o meu colega de quarto colocamos a cabeça embaixo da cama e, com sono, pensamos em dormir. Nesse instante alguém bateu à porta e, para minha surpresa, era meu pai, comerciante do interior de São Paulo que chegara para me visitar.

Após conversarmos até altas horas, resolvi que ele dormiria em minha cama.

Ato contínuo, ele sentou-se na cama, tirou os sapatos e tentou empurrá-los para debaixo dela. Encontrou dificuldade e, abaixando, resolveu verificar qual era o obstáculo.

Pálido, trêmulo e assombrado, após dar de cara com a “cabeça”, deu um salto e, gaguejando, perguntou:

“O que é isso, menino?”.

Naturalmente, respondi:

“É o Baltazar”.

Meu pobre pai, alucinado, retrucou:

“Vocês o mataram e cortaram a sua cabeça?”.

“Não. A cabeça é da faculdade e estamos estudando anatomia. Amanhã cedo iremos devolvê-la. Fique tranqüilo”.

Em segundos ele estava calçado, de gravata e, pegando o paletó e sua maleta, antes de desaparecer, falou:

“Vou dormir no hotel. Amanhã nós conversaremos... longe... do... Baltazar!”.

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