O amor é diferente da paixão. A paixão é loucura passageira,é carnaval, é instinto,é físico !O amor é doce, é consciente, é permanente.
Não me lembro o nome dela, era morena alta,cabelos castanhos compridos, olhos negros,pele aveludada. Ela estava de férias na casa do tio. Morava distante,em outro bairro do subusrbio do Rio de Janeiro. Agora sei, foi paixão.Tudo aconteceu rápido.Entreolhamos, sorriumos,uma conversa ligeira e pronto. Éramos prisionmeiros de um sentimento avassalador. Dois em um,de repente ! As horas se foram e o dia terminou para todos,não para mim.Não consegui dormir. Estava muito eufórico,feliz. Sorria sozinho pensando no seu olhar, no que ela me disse,nos seus gestos sensuais. Realmente...eu era um rapaz de sorte ! O sono me venceu e como era de se esperar, sonhei com aquele romance. Caí da cama! No dia seguinte,fui ter com ela.Banho tomado,roupas limpas,cabelos bem penteados,todo perfumado,tudo para impressionar. O seu tio estava nos vigiando todo o tempo e por isso,conversamos pouco naquela ocasião. Marcamos outra hora. Os dias se sucederam com a brevidade que eu não esperava. Consegui pegar em suas mãos !Macias....aconchegantes. Colei o meu rosto no seu e fui presenteado com um beijo na face. Era demais ! O coração ficou acelerado. Tudo se passou em baixo da escada, que liga o apartamento onde eu morava,no segundo andar,à porta de entrada do edifício.A Teté (minha mãe preta) falou para a Socorro que eu estava diferente.Notava que eu havia emagrecido, que acordara à noitre,que eu estava agitado,em suma- era outra pessoa ! -"Socorro,isso é "rabo de saia!",disse com um arde ciúme do filho adotivo amado. -"Ele está enrabichadopor uma sirigaita do 101, que é a sobrinha do pai do Dídimo! -"Deixa prá lá Teté, isto é coisa da idade,coisa de criança e passa logo",respondeu Socorro,acrescentando: -"Ela não mora aqui,vai embora depois das férias e pronto!". Tinha razão, a minha mãe biológica.Estávamos juntos outra vez,sorridentes,conversando e foi quando ela me disse o que eu não desejava ouvir: -"Vou embora amanhã...mas, toma o meu endereço prá você poder me ver" -"Claro ! respondi. Marcamos para nos despedirmos à noite,no mesmo local.Eu estava ansioso,nervoso, de tanto esperar.Sentia o corpo quente com a nova e primeira namorada e com tudo de bom que estava acontecendo. Os hormônios estavam atuando com grande intensidade. Finalmente, a porta do seu apartamento se abre e ela aparece na penumbra do corredor. Estava linda ! Meus olhos se arregalaram! Meu coração disparou mais uma vez!Ela estava de trajes de dormir, uma camisola branca! Que silhueta! Que corpo! Não estava acreditando, minhas pernas tremiam. Após alguns instantes,volto à realidade e consigo dizer: -"Como você está linda! Ela sorriu e me disse que não poderia ficar muito tempo,pois tinha que dormir cedo,em atenção ao seu tio. N~~ao deu tempo para ouvir o que ela estava tentando me contar. Aproximei-me. Um abraço apertado e um beijo demorado e ardente! Na boca! Como nos filmes...Que louycura! O perfume das rosas, os sons de violinos, as cores do arco íris se faziam presentes. Antes de entrar, marcamos um encontro para o proximo domingo,em frente ao cinema,do lado direito da linha do trem,no bairro onde ela morava. A semana custou a passar.Não comentei com ninguém sobre a minhanamorada. Era um segredo meu. Um tesouro guardado,que me fazia sentir mais efeliz que os outros meninos da rua. Chegou o tão esperado fim de semana. Fui de trem. Fiz tudo direitinho. Todo perfumado,usandoi as melhores roupas que possuia, cabelo penteado como o Elvis. Saltei na estação e fui ter à porta do cinema.Esperei...esperei...e nada! Tristeza. Mágoa. Volto para casa desolado. No inicio da semana,chega um recado através de um primo dela,informando que eu a desculpasse,que o seu pai não havia permitido quwe ela fosse ao cinema. Estava marcado um outro encontro, no mesmo local,no próximo domingo.Tudo de novo se repetiu: banho demoradotrem,roupas perfumadas,penteado,coração acelerado,muita torcida para tudo dar certo e...nada! Ela não apareceu.Desilusão. Voltei para casa e realmente,como a minha mãe havia previsto, a esqueci mais rápido do que imaginava. Muitos anos se passaram e a nossa família agora já estava morando em Laranjeiras, Zona Sul do Rio.Outros ares, estudos, trabalho, outros sonhos. Não sei como, mas ela apareceu,dizendo-me que sentgia muito e queria ser a minha namorada definitiva. Chegou a implorar o meu perdão e pedir para reatar o nosso romance,mas não a via mais como antes, era uma estranha. Sentia-me distante,pois estava vivenciando "outro mundo". Ela se foi triste, sem saber que permanece na minha lembrança como sendo a protagonista principal do meu primeiro beijo ! |
