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Literariamente, em emotivo e espectacular sobressalto, ao dealbar dos meus doze anos, "As Vinte Mil Léguas Submarinas" foi o primeiro livro que li de fio a pavio. A partir daí, li e reli gostosamente toda a obra de Júlio Verne, meu dilecto manjar intelectual e Sésamo primordial que me fez tender decisivamente em paixão pelas letras.Para mim, o mais clássico dos autores de referência universal em ficção científica, tem vindo a sobrelevar com dificuldade a erosão do tempo. Júlio Verne está literariamente sepultado no século XX. Deixou de ser, há pelo menos quatro décadas, o mítico titular das obras mais vendidas no mundo, "depois da Bíblia", como então se ressalvava nas badanas promocionais.O astro apagou-se serenamente, sem mistério, consoante o mundo caminhou sobre sua imaginada peúgada. A missão educativa de que o escritor se investiu, impregnando a maior parte das ficções com um didactismo nem sempre aprazível, casa mal com os padrões modernos do género. Um crítico desapiedado chegou ao ponto de considerar nefasta a leitura das ficções vernianas pelos jovens estudantes, reputando a qualidade estilística das obras de "tão precária que deslustra a literatura francesa". É evidente que tal asserção não chega para tirar brilho algum à balança sustentada pela opinião pública, mas o romancista, como a generalidade daqueles que levam a prolixidade criativa a níveis incomuns, descurou amiúde a arte da boa escrita. Verne estabelecera com o editor Hetzel o compromisso de colocar no prelo três livros por ano, algo de extraordinário, mas o mais surpreendente é que ultrapassou por longo tempo aquela periodicidade, concluindo uma nova obra por cada trimestre.Apesar de todos os aspectos demeritórios, seria injustíssimo não conceder a Júlio Verne o lugar de honra no panteão absoluto dos grandes visionários prescientes.A odisseia de uma viagem à Lua, por ele ficcionada em 1865 - "Da Terra à Lua" - e de novo em 1870 - "À Volta da Lua" - foi sem dúvida a primeira e mais audaciosa antecipação de uma série notável de feitos cuja concretização ocorreria nas décadas seguintes... Mais de um século, no caso das viagens interplanetárias.A capacidade premonitória de Verne revela-se especialmente genial na epopeia lunar que descreve, antecipando de cem anos a realidade empolgante de uma viagem ao satélite natural da Terra, através de um contexto cientificamente verosímil. Conforme seu hábito imutável, o escritor concebeu e construiu uma história que resplandece sob o halo das magias proféticas. Espanta, em primeiro lugar, o rigor matemático. Depois, as coincidências no plano temporal surpreendem qualquer cepticismo. O romancista demonstrou um conhecimento perfeito dos diversos aspectos relacionados com a massa, densidade, peso, volume, constituição, movimento e distância da Terra à Lua. Em determinado momento do enredo, o director do Observatório de Cambridge confirma ao presidente Barbicane a possibilidade um projéctil alcançar a Lua, "desde que fosse animado de uma velocidade inicial de 12 mil jardas por segundo". Essa acelaração corresponde de facto à que se verificaria um século adiante, no âmbito do programa Apolo.Ao escrever "Da Terra à Lua", o autor acrescentou ao título: "Trajecto recto em 97 horas e 20 minutos", de acordo com uma das linhas de força do romance. Parecerá extrordinário, mas esse foi, com escassa diferença, o tempo que a Apolo XI demorou a efectuar o percurso.De regresso à Terra, os heróis de Verne despenham-se no Pacífico, a poucas milhas de distância do local onde a Nasa recuperou seus astronautas, três, na ficção, e igualmente deveras três na realidade. O projéctil cilindrocónico de 1865, "um prodígio de metalurgia", descrito e interpretado graficamente desde as primeiras edições da obra, é em tudo similar aos "módulos de comando" da actualidade, e não só na forma, mas também no peso, no diâmetro, na altura e na espessura.O vagão-projéctil Columbia, que no romance trasnporta os viajantes ao "astro das noites", parte de Tampa Town, na Florida, curiosamente a cerca de cem quilómetros do centro espacial conhecido hoje por Cape Kennedy.As antecipações e as coincidências são incontáveis. Chegou mesmo a afirmar-se que os cientistas do programa Apolo haviam adoptado a obra literária como uma espécie de manual de instruções. Nenhuma outra ficção na história da Literatura prenunciou tão factualmente a realidade...Meu querido Júlio Verne... Ainda hoje releio, e cada vez mais emocionadamente, os seus livros, impregnado do fantástico interesse que iluminou e esplendorizou os meus sonhos de juventude.Torre da Guia = Portus Calle